Web Summit fica. É “cada vez mais português”, diz João Vasconcelos

Governo assina acordo com a organização irlandesa às 10 horas desta quarta-feira. Web Summit deverá continuar em Lisboa até 2023 mas crescimento vai implicar investimento em infraestruturas.

Web Summit continua em Lisboa pelo menos até 2023.Web Summit

O acordo entre o Governo português e o Web Summit deve ser assinado na quarta-feira mas a confirmação surgiu esta terça. O Web Summit vai continuar por Lisboa pelo menos até 2023, prolongando a sua presença em Portugal por mais cinco anos garantidos e, outros cinco opcionais. A notícia, ainda que não tenha sido confirmada oficialmente, nem pelo Governo nem pela organização do evento, foi durante meses alvo de notícias, especulação e algum suspense. E, finalmente, confirmada ao final desta tarde pela câmara municipal de Lisboa, através de um convite a todo o ecossistema para “estarem presentes” num “evento histórico para o empreendedorismo da capital”.

O próprio Web Summit antecipava esta terça-feira de manhã que faltariam cerca de 24 horas para haver novidades sobre a localização do evento para os próximos anos.

Na corrida, além de Lisboa — cidade onde o evento fundado em Dublin em 2009 se realiza desde 2015 –, havia outras grandes cidades europeias como Madrid, Paris, Londres e Berlim. A short list, segundo avançou a organização irlandesa, estaria a colocar em competição apenas quatro localizações: Lisboa, Berlim, Valência e Madrid.

“A confirmar-se a permanência do Web Summit em Portugal, vejo com muito bons olhos. O Web Summit deixa de ser um evento internacional de passagem por Lisboa e é, cada vez mais português e associado a Portugal. A confirmarem-se os cinco anos, passa a ser um evento que permite preparar infraestruturas“, detalha João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria e que tem acompanhado de perto a evolução do Web Summit, primeiro em Dublin e depois em Portugal.

O Web Summit deixa de ser um evento internacional de passagem por Lisboa e é, cada vez mais português e associado a Portugal.

João Vasconcelos

Ex-secretário de Estado da Indústria

De acordo com Vasconcelos, que integrou a equipa fundadora da Startup Lisboa, a primeira incubadora lisboeta criada em 2012, o Web Summit identifica-se perfeitamente com a imagem que Portugal tem neste setor, e também com conceitos como multiculturalidade e discussão do futuro”. Por isso, sublinha, havia uma enorme disputa entre capitais europeias para albergar o evento nos próximos anos.

“É o evento mais atrativo pela sua abrangência e pelo potencial de crescimento”. Mas, terá o Web Summit espaço para crescer em Lisboa? João Vasconcelos não tem dúvidas. “O Web Summit quer crescer e vai crescer muito”, garante. “Reúne pessoas de muitas áreas e deixou de ser só startups e empresas para lhes juntar outros protagonistas. Discute-se arte, política, tecnologia, inovação, futuro. Já não se trata apenas de startups: são políticos, artistas, é o maior evento do mundo para se falar de futuro.

Ricardo Marvão, cofundador da Beta-i, promotora do Lisbon Challenge e responsável por vários outros programas de aceleração de startups em Portugal, sublinha também a importância da continuidade como uma oportunidade de “build on it”. “Três anos, apesar de parecer muito, passa rápido. Mais cinco anos é uma forma de construir algo a médio prazo”, assegura, em conversa com o ECO. E lança um desafio à organização: “É importante, cada vez mais, integrar o ecossistema empreendedor português no evento”.

Para Lurdes Gramaxo, investidora da Busy Angels, a notícia é “ótima para o ecossistema português e para Portugal”. “É uma enorme oportunidade de falarem de nós e potencia o desenvolvimento do ecossistema empreendedor. Não é o principal fator de crescimento mas ajuda muito a dar visibilidade a Portugal”. Além disso, garante em conversa com o ECO, é a garantia de que todos os anos, uma importante rede de contactos vem a Portugal.

Quem ganha mais?

Com um impacto estimado de 300 milhões de euros em hotelaria e serviços nos últimos três anos — contra um investimento de 1,3 milhões de euros por ano por parte do Governo — o Web Summit passou a ser, tal como admitiu o primeiro-ministro António Costa em abril, uma montra do país no mundo.

Mas isso não faz com que o país seja o único “vencedor” nesta competição de convencer os irlandeses a ficar. Com quase todas as capitais europeias interessadas no evento, João Vasconcelos diz que o Web Summit também ganha em ficar na cidade. “Traz-lhe estabilidade. Permite ao Web Summit fazer outro género de investimentos na infraestrutura”, antecipa o ex-secretário de Estado da Indústria.

Já a investidora Lurdes Gramaxo confessa que o que mais a surpreendeu na notícia foi a “duração” do acordo. “Não estava à espera, muito menos que fosse por 10 anos”, diz ao ECO. “Com tantas concorrentes, a decisão revela uma aposta muito forte da organização em Portugal”.

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