Bastou a prisão de um gestor da Huawei para arrastar bolsas. Lisboa não escapa
As ações europeias estão em mínimos de dois anos, num dia marcado por uma onda vermelha nos principais índices. Lisboa não escapa, com todos os títulos do PSI-20 no vermelho e a Galp a derrapar 4%.
Uma onda da perdas. É este o quadro nas principais praças bolsistas europeias nesta quinta-feira, sentimento que também inundou Lisboa. Bastou a detenção de um alto quadro da Huawei para ditar o descalabro nos mercados que se mostram expectantes também relativamente à reunião da OPEP que decorre hoje. Face a este quadro de tensão, as ações europeias recuam para mínimos de dois anos, enquanto na praça lisboeta a queda de quase 4% da Galp arrasta o PSI-20.
O Euro Stoxx 600, índice que agrega as principais capitalizações bolsistas europeias desliza 2,28%, para os 346,18 pontos, nível mínimo desde dezembro de 2016. São sobretudo os títulos mais ligados à exportação a sentirem com mais força o peso das perdas, como o caso das fabricantes automóveis.
Essas perdas acontecem no seguimento da detenção da administradora financeira da Huawei, no passado sábado, no Canadá. Wanzhou Meng — filha do fundador da tecnológica chinesa — foi detida por suspeitas de violação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão.
Ações europeias em mínimos de dois anos
Fonte: Reuters
“Os investidores estão de regresso ao modo de fuga ao risco, com os mercados a caírem no Reino Unido, Continente Europeu e Ásia. Os mercados estão preocupados com inúmeras coisas: crescimento económico global, subida das taxas de juro e a guerra comercial entre os EUA e a China”, afirmou Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, citado pela Reuters.
Essa detenção suscitou os receios dos investidores numa altura crítica nas negociações entre os EUA e a China, depois de os dois países terem acordado a suspensão das tarifas, de parte a parte, por um prazo de 90 dias.
"Os investidores estão de regresso ao modo de fuga ao risco, com os mercados a caírem no Reino Unido, Continente Europeu e Ásia. Os mercados estão preocupados com inúmeras coisas: crescimento económico global, subida das taxas de juro e a guerra comercial entre os EUA e a China.”
A praça bolsista também está a ser contagiada por esse sentimento negativo, com todas as cotadas do PSI-20 no vermelho. O índice de referência da bolsa nacional recua 1,97%, para os 4.824,32 pontos Mas o grande destaque negativo recai sobre a Galp Energia. As ações da petrolífera derrapam 3,62%, para 14,23 euros, em linha com as perdas do setor europeu que se aproximam da pior sessão desde junho de 2016, num dia determinante para o rumo do “ouro negro“.
Nesta quinta-feira, decorre a reunião dos países da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), evento onde está previsto uma extensão do acordo sobre os cortes de produção de petróleo.
Os maiores produtores, incluindo a Rússia, já garantiram apoio a continuar a estratégia, mas há alguma incerteza sobre a influência dos EUA. O país não está na reunião, mas o presidente Donald Trump tem sido crítico dos cortes e pressionado especialmente a Arábia Saudita para aumentar a oferta. O ministro do Petróleo saudita disse esta manhã que não falou com o presidente dos EUA sobre o assunto.
As sanções petrolíferas dos EUA ao Irão também têm influenciado o preço da matéria-prima. O ministro do Petróleo iraniano sinalizou, à entrada da reunião, que irá pedir para ficar de fora do acordo, mas que pretende continuar na OPEP. Neste cenário, o preço do crude WTI tomba 4,52% para 50,5 dólares por barril e o brent londrino cai 4,63% para 58,43 dólares.
(Notícia atualizada às 10:57 com mais informação)
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