“O que estava em causa era vestir a camisola e não quem angariava mais clientes ou faturava mais”
Escritório fundado por Vera Jardim sofre agora uma cisão. Vera Jardim e Magalhães e Silva saem agora do escritório para fundar um novo, já este mês.
Tudo começou nos anos 70 com José Vera Jardim, a quem se juntaram Jorge Sampaio, Júlio Castro Caldas e, mais tarde em 1986, Manuel Magalhães e Silva. Com a saída do ex-bastonário Júlio Castro Caldas do escritório – aquela que sempre foi a Jardim, Sampaio, Caldas & Associados – passou a ser a Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva & Associados. Nove anos volvidos, desse mesmo escritório saem agora os dois últimos dos fundadores para criar a Vera Jardim, Magalhães e Silva Advogados.
A razão? “A sociedade já não corresponde ao paradigma sobre o qual nós a tínhamos fundado e feito progredir e, como tal, hoje é uma sociedade com características diferentes, na qual nem eu nem o Dr. Vera Jardim nos revemos”, explica Manuel Magalhães e Silva, em declarações à Advocatus. “O nosso escritório era essencialmente uma fraternidade. Não entrava em linha de conta na distribuição de resultados entre sócios, nem a faturação, nem a angariação de clientes, mas apenas a antiguidade na profissão.
E em 2009 e 2010 já se tinha chegado a um ponto tal que todos os sócios tinham igual antiguidade para distribuição de resultados. O que estava em causa era vestir a camisola e não quem angaria mais clientes ou fatura mais”, explicou o advogado que em 2014 já tinha amortizado a sua quota. “Hoje, a sociedade já não corresponde ao paradigma sobre o qual nós a tínhamos fundado e feito progredir e, como tal, hoje é uma sociedade com características diferentes, na qual nem eu nem o Dr. Vera Jardim nos revemos. Sobretudo quando houve uns acontecimentos no último ano, sobre os quais prefiro não falar ou detalhar porque, ainda assim, tem de haver alguma decência nestas coisas”, explica o antigo consultor para os Assuntos Políticos de Jorge Sampaio, em Belém, de 1996 a 2006.
Assim, a partir de 1 de janeiro, o novo escritório passará a ter apenas dois nomes e estará sediado a dois minutos daquele que os dois advogados agora deixam: no número 66, 3º andar, da Av. Duque de Loulé. O objetivo é criar um escritório- boutique, com menos de dez advogados. Focados no contencioso civil, comercial e também o penal e contra ordenacional. “Em 2014 eu também amortizei a minha quota, quando atingi os 70 anos, mas continuei como of counsel. E o Dr. Jardim, tendo amortizado a quota em 2009, continuou a ser consultor da sociedade e a trabalhar em nome dela”. E porque, na visão de Magalhães e Silva, a sociedade, tal como está, “já não é efetivamente a mesma coisa, e por isso vamos partir para um projeto diferente, que corresponda à nossa forma de olhar para a advocacia. É que,”. Porque, até aqui, “estando eu há 323 anos no escritório e sendo o Vera Jardim sócio fundador, não era indiferente a forma como estavam a evoluir as coisas; e, quando houve um comportamento todo ao arrepio destes princípios, esse foi o ponto final”.
O escritório – que agora os dois advogados deixam – manter-se-à na mesma avenida, no número 141. “O meu nome vai sair, a partir do dia 1, mas como o nome do José Vera Jardim estava lá há décadas, assim vai continuar. Mas a sociedade já não vai ser a mesma, apesar de manter mas terá à mesma o nome Jardim, mas claro que não é a mesma sociedade. Nós reconhecemos talento a todos os que ficam, que são excelentes advogados, mas são pessoas novas e que não têm a notoriedade social e profissional que ambos temos. Percebe-se, por isso, que queiram manter o nome Jardim”.
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