Fitch alerta para riscos de perda de independência dos bancos centrais

  • Lusa
  • 8 Abril 2019

O abrandamento económico, baixa redução da dívida pública e pouca margem orçamental são alguns dos fatores que podem levar os bancos centrais a ter de contribuir para políticas monetárias.

A agência de notação financeira Fitch alertou esta segunda-feira para os riscos de perda de independência dos bancos centrais em relação aos governos, face ao abrandamento económico, baixa redução da dívida pública e pouca margem orçamental.

Num texto intitulado “Riscos crescentes para a independência dos bancos centrais”, publicado esta segunda-feira, o diretor da divisão de ‘ratings’ soberanos da Fitch, James McCormack, sugeriu que os investidores devem “considerar as potenciais implicações das crescentes pressões políticas para maiores contribuições da política monetária para apoiar o crescimento económico, possivelmente por meios não convencionais”.

Aquilo que poderá levar a que os bancos centrais entrem novamente em ação, para proporcionar “pelo menos apoio económico contracíclico”, é uma “combinação de fatores” como o abrandamento do crescimento económico, a fraca redução de dívida pública ou a fraca margem orçamental dos governos.

“O crescimento económico está a abrandar na maioria das grandes economias e muitos níveis de dívida pública não foram suficientemente reduzidos, ou mesmo de todo, durante o recente período de forte crescimento”, salientou James McCormack.

O diretor da Fitch alertou que “a atual combinação, em alguns países, de balanços que são fortes para os bancos centrais e fracos para os governos é preocupante se os decisores políticos tomarem os bancos centrais como parte da sua solução”.

“Um ponto crítico de reflexão é que os bancos centrais foram aceites como estabilizadores credíveis da economia e dos mercados financeiros, em grande parte graças a anteriores sucessos de políticas no seu mandato principal de proporcionarem uma inflação baixa e estável”, considerou.

O responsável da agência de ‘rating’ lembrou que “foi a crise de 2008 que partiu os bancos centrais ao meio”, tendo depois as autoridades monetárias em vários países implementado “medidas de emergência para lidar imediatamente com o deslocamento do setor financeiro, e depois para apoiar a atividade económica onde a margem orçamental estava limitada”.

James McCormack crê ainda que “para os investidores, a recentemente credível assunção de que as historicamente baixas taxas de inflação e taxas de juro reais vieram para ficar pode ter de ser revisitada“, pode ler-se no artigo.

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