“A greve não é um direito para médicos e enfermeiros”, diz o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa

  • ECO
  • 18 Abril 2019

Ex-diretor-geral da Saúde defende que as greves dos médicos e dos enfermeiros "não fazem sentido" porque prejudicam os doentes e não os patrões. E que a ADSE devia ter acabado em 1979.

As sucessivas greves dos médicos e enfermeiros “não fazem sentido” e “não podem existir”, afirmou o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa e ex-diretor-geral de saúde, em entrevista ao Público (acesso pago). Isto porque estas paralisações afetam os doentes, quando deviam afetar apenas os patrões. Francisco George defendeu ainda o fim da ADSE, justificando que esta “devia ter sido dissolvida em 1979”.

“Não concordo com paralisações nem de médicos nem de enfermeiros”, começou por dizer o médico e ex-diretor-geral da Saúde. Francisco George sublinha que as greves destes profissionais “não fazem sentido” e “não podem existir”, e classifica de “inaceitável” e “intolerável” que estas paralisações prejudiquem os doentes e criem longos tempos de espera para uma consulta. “Quando o grevista é médico ou enfermeiro não está a lesar o patrão, está a lesar o doente”.

Confrontado com o facto de ser dos poucos médicos a pensar assim, o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa respondeu que as pessoas não são todas iguais e que tem de dizer aquilo que pensa. “No meu entendimento, a greve não é um direito para médicos e enfermeiros. Porquê? Porque quem é prejudicado não é o patronato, é o doente”.

Francisco George diz ser “muito amigo” da ministra da Saúde, Marta Temido, referindo a sua “capacidade intelectual e de conhecimento” para gerir a pasta da Saúde. Sobre a proposta do Governo de Lei de Bases da Saúde, o médico mostrou o seu desejo em ver a proposta aprovada com o apoio do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP, “porque é uma forma de impedir a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Questionado sobre o que pensa sobre o fim da ADSE, Francisco George respondeu: “Defendo mais do que o fim. A ADSE devia ter sido dissolvida em 1979, quando os outros subsistemas foram”. Isto porque, explicou, a ADSE foi criada por Salazar em 1963, “numa altura em que os funcionários públicos ganhavam muito pouco, mas Salazar não queria que fossem mendigos. Por isso, notou que se investem “600 milhões de euros para pagar a serviços privados prestados pelos médicos que vêm do público e fazem umas horas no privado”, “com a agravante de os hospitais privados terem ido buscar os melhores”.

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