Há menos analistas a recomendarem “comprar” ações na bolsa de Lisboa

Com a bolsa nacional a valorizar, está a reduzir-se o número de analistas que recomendam "comprar" ações portuguesas. Ainda assim, em cada 100 recomendações apenas 15 são de “vender”.

A bolsa nacional tem vindo a ganhar “terreno”. Ao mesmo tempo que valoriza, os analistas têm vindo a rever em baixa as suas recomendações para as cotadas. Há menos bancos de investimentos a aconselharem “comprar” títulos de empresas portuguesas, mas a proporção de recomendações de “vender” continua a ser diminuta.

No Relatório Anual de Supervisão da Atividade de Análise Financeira, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nota que “face ao período homólogo, entre outubro 2017 e setembro 2018 assistiu-se à descida da percentagem de recomendações ‘comprar’ e em contraponto ao aumento das de ‘manter’ e ‘vender”.

Houve uma quebra de 14% na proporção de recomendações de “comprar”, registando-se um aumento de 10,5% nas de “manter”, tendo as de “vender” crescido praticamente na mesma medida. “Não obstante, em cada 100 recomendações apenas 15 são de ‘vender'”, salienta o relatório.

“No Caixa BI e JBCapital Markets as recomendações ‘comprar’ foram iguais ou superiores a 60% do respetivo total“, diz a CMVM, acrescentando que por outro lado, “no Goldman Sachs e no Haitong a recomendação ‘manter’ representou mais de metade das recomendações emitidas”.

“É de destacar que o Haitong e a JBCapital Markets não emitiram quaisquer recomendações de ‘vender’ e que a Intermoney e a Goldman Sachs tiveram uma maior proporção de recomendações de ‘vender’ face às de ‘comprar’”, diz a CMVM.

“Apenas nos casos da Altri, Cofina, EDP, Impresa, Mota Engil e Novabase foram emitidas mais recomendações ‘vender’ do que ‘comprar’. Por outro lado, BPI, EDP Renováveis, Ibersol, Semapa, Sonae, Sonae Capital, Sonaecom, Sonae Indústria e Ramada não foram alvo de qualquer recomendação ‘vender’”.

“Nas empresas Ibersol, Navigator, Semapa, Sonae, Sonae Capital, Sonae Indústria e Ramada o número de recomendações ‘comprar’ foi superior à soma do número de recomendações ‘manter’ e ‘vender'”, conclui a CMVM.

Mais de um terço dos research mudaram recomendação

Na análise aos relatórios emitidos pelos bancos de investimento — no período em análise foram realizados 453 notas de investimento, um aumento face ao período homólogo –, a CMVM nota que Galp Energia, EDP e Jerónimo Martins são as empresas da bolsa nacional visadas em maior parte dos “research”. A Galp Energia foi alvo, sozinha, de 82 recomendações, com 31 delas a serem de “comprar”.

Foram identificadas mudanças de recomendação em 120 relatórios (em 333 relatórios não foram identificadas alterações em relação à anterior recomendação pelo mesmo IF para o mesmo título). O regulador do mercado de capitais identificou tanto os “downgrades” como os “upgrades”, notando que empresas como a petrolífera apenas foram alvo de “downgrades”.

“Existem títulos que não foram objeto de todos os tipos de alteração nas respetivas recomendações”, diz a CMVM, destacando que a “EDP Renováveis, a Galp Energia e a REN, por exemplo, apenas tiveram ‘downgrades’ de ‘comprar’ para ‘manter’ e a Nos não foi objeto de nenhum ‘upgrade'”.

Quem reage mais às recomendações? EDP Renováveis e Jerónimo Martins

“Em termos agregados, recomendações de ‘comprar’ (‘vender’) são seguidas de retornos anormais acumulados positivos (negativos). O retorno anormal (efetivo) referente à data de divulgação foi de 0,64% (0,74%) para as recomendações de comprar e de -0,95% (-0,98%) para as de vender”, diz a CMVM.

“As recomendações de ‘vender’ (‘comprar’) foram acompanhadas de uma rentabilidade anormal de -1,01% (1,41%) em termos cumulativos entre a data da divulgação da recomendação de ‘vender’ (‘comprar’) e as cinco sessões de negociação subsequentes e os retornos efetivos acumulados totalizaram -1,69% (1,49%) para o mesmo tipo de recomendações”, acrescenta.

Na análise por título, a CMVM nota que “o impacto das recomendações de comprar foi superior na EDP Renováveis. Assim, nas seis sessões de negociação após a divulgação da recomendação de ‘comprar’ (incluindo o dia da divulgação) estas ações valorizaram, em média, 1,4% (1,2% por comparação com uma carteira diversificada com o mesmo risco sistemático). “Quanto às recomendações de ‘vender’, os títulos da Jerónimo Martins desvalorizam -1,6%”.

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