Empresa chinesa compra ativos do ramo de manutenção da TAP em Porto Alegre

Aposta no negócio de manutenção da Varig trouxe mais de 400 milhões de euros em perdas para a TAP desde 2007. Depois de fechar unidade se Porto Alegre, companhia vende recheio. Mas não revela valores.

A empresa chinesa Flightparts Component Services fechou um acordo com a TAP para a aquisição dos ativos da operação de manutenção e engenharia (M&E) da companhia aérea em Porto Alegre, Brasil, que foi encerrada no final do ano passado. Contactada pelo ECO, a transportadora confirmou o negócio, mas não adiantou os valores envolvidos. “A TAP só vendeu ativos (equipamentos, ferramentas e estoque) de que não necessitava, sendo que a unidade de Porto Alegre já foi encerrada no final do ano passado.”

No final de 2018, e já depois de várias tentativas de reestruturação deste investimento no Brasil, a TAP decidiu fechar de uma vez o ramo de manutenção em Porto Alegre, retendo apenas a operação da M&E no Rio de Janeiro. A TAP M&E Brasil nasceu depois da administração da companhia aérea portuguesa, então liderada por Fernando Pinto, ter decidido avançar para a compra da manutenção da Varig, em 2005. Desde então e até ao final de 2018, esta aposta trouxe mais de 430 milhões de euros em perdas para a transportadora, exigindo a injeção de dezenas de milhões de euros anualmente.

Em outubro de 2018, a TAP anunciou a intenção de fechar a operação em Porto Alegre, que concretizaria no final do ano, justificando a decisão com “falta de procura”. Esta unidade era uma das maiores em toda a América do Sul, tendo chegado a empregar 2.700 trabalhadores, espalhados por cinco hangares, sendo uma das poucas da região credenciada para fazer a manutenção aos aviões da Boeing, Airbus e Embraer. A fabricante brasileira chegou a manter conversas com a TAP para a compra desta unidade, em 2013, mas o negócio acabou por não avançar.

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As instalações ocupadas pela TAP M&E no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, não eram detidas pela companhia, estando antes concessionadas pela gestora do aeroporto, razão pela qual não surgem incluídas no negócio celebrado entre a TAP e a Flightparts — a empresa chinesa também assumiu as instalações, mas negociando a concessão das mesmas com a alemã Fraport.

De acordo com declarações do diretor do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, Osvaldo Rodrigues, aquando do anúncio da saída da TAP de Porto Alegre, a entrega da gestão deste aeroporto à Fraport, pode também ter sido um fator na decisão da transportadora aérea de fechar as instalações. “Quando entrou a Fraport, houve imensas dificuldades na negociação do contrato. O valor é muito mais alto do que aquele praticado antes”, explicou Osvaldo Rodrigues aos meios de comunicação brasileiros, em outubro.

M&E Brasil: Primeiro lucro operacional em 2019, promete TAP

Independentemente das razões, certo é que o encerramento da operação em Porto Alegre se inseriu na reestruturação da operação da TAP M&E no Brasil, que exigiu 28 milhões de euros só em 2018. A reestruturação fez com que entre o final de 2017 e o final de 2018, tenham saída da empresa 944 colaboradores, reduzindo os quadros a 742 pessoas. Além do corte no pessoal, a companhia aérea apostou igualmente em fechar uma série de processos laborais e fiscais que envolviam a TAP M&E no país.

“Em 2018, a TAP M&E Brasil foi também objeto de um trabalho persistente da Comissão Executiva que resolveu (…) investir para acabar com o problema crónico da TAP M&E Brasil“, explicou a administração da TAP aos colaboradores aquando da divulgação dos resultados de 2018.

Foi desenhado um plano de equilíbrio do quadro da TAP M&E Brasil face à procura existente no Brasil, que passou pela redução de efetivos de 1.686 colaboradores, em dezembro de 2017, para 742 em dezembro de 2018, representando a saída de 944 trabalhadores no Brasil, com o encerramento da base operacional em Porto Alegre e a concentração dos serviços no Galeão, no Rio de Janeiro”, acrescenta a administração. As saídas foram negociadas com o acordo dos sindicatos brasileiros e permitiram “eliminar 34 milhões de euros de contingências laborais e passivo fiscal, segundo avaliação de consultores independentes”.

Todo este esforço, assegurou ainda a gestão da TAP, trará frutos já este ano: “Esta restruturação permite que a TAP M&E Brasil passe a operar, em 2019, sem necessidade de contribuições financeiras pela TAP SGPS e apresentar um orçamento para 2019 que prevê um modesto, mas simbólico, lucro operacional”.

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