Portugal obtém 1.500 milhões com dívida de curto prazo. Taxas são cada vez mais negativas
Agência liderada por Cristina Casalinho realizou esta quarta-feira um leilão duplo de bilhetes do Tesouro com maturidades em novembro deste ano e maio do próximo. Colocou o montante máximo indicativo.
Portugal conseguiu juros ainda mais negativos para emitir dívida a curto prazo. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP colocou esta quarta-feira 1.500 milhões de euros em bilhetes do Tesouro que vencem dentro de seis e 12 meses. Em ambas as maturidades, a yield foi mais baixa que em anteriores leilões.
No caso dos títulos com maturidade a 15 de maio de 2020, foram emitidos 1.000 milhões a uma taxa negativa de -0,370%. O valor compara com a taxa de juro negativa de 0,368%, no último leilão de BT a 12 meses.
Já no caso das BT a seis meses, Portugal colocou 500 milhões e conseguiu uma taxa negativa de -0,396%. Na última colocação de bilhetes com esta maturidade, o juro tinha sido de 0,393%.
O país tem beneficiado de uma redução das taxas pagas pela emissão de nova dívida, graças ao reforço da confiança dos investidores em Portugal e às condições externas favoráveis. O rigor orçamental e a estabilidade política é uma das principais razões para a confiança dos investidores, segundo a equipa de research do Bankinter.
“O PS, líder da atual coligação de Governo, parece ter saído reforçado da recente ‘mini’ crise política. O ‘finca-pé’ de António Costa em relação aos salários dos professores reforçou o rigor orçamental do atual Governo, inclusive em ano eleitoral, com um compromisso de manter as contas do país controladas e diminuir a elevada dívida pública”, referiram os analistas do banco, numa nota.
“O que parece estar agora em jogo já não é tanto a sobrevivência da atual coligação, mas sim se o PS vai governar sozinho ou com um menor número de partidos”, acrescenta sobre as eleições legislativas que irão decorrer em outubro. “Tendo em conta o compromisso orçamental do PS, o mercado deveria descontar positivamente o primeiro cenário, com uma maior procura por obrigações portuguesas“.
O apetite por dívida portuguesa tem sido robusto nas últimas colocações, sendo que no leilão desta quarta-feira, não só o IGCP emitiu o montante máximo indicativo como as investidores estavam dispostos a comprar mais do que o Tesouro português tinha para oferecer. Nas BT a 12 meses, a procura foi 2,29 vezes superior à oferta (contra 1,64 vezes na última colocação), enquanto nos títulos a seis meses, a procura superou a oferta em 2,62 vezes (face a 2,31 vezes no último leilão comparável).
Além das condições internas, também fatores externos têm ajudado o país. “Portugal continua a beneficiar da política acomodativa do Banco Central Europeu e que tudo tem feito para ajudar os países, tal tem permitido ao longo dos últimos anos fazer o rollover da dívida de curto prazo sempre com taxas de juro negativas“, sublinhou Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa.
Tal como o que aconteceu na colocação desta quarta-feira, os juros dos títulos a curto prazo têm sido cada vez mais negativos nos últimos meses. Em mercado secundário, o comportamento das taxas exigidas pelos investidores para trocar dívida portuguesa tem sido também de queda, sendo que esta quarta-feira a yield das obrigações a 10 anos caem para 1,133%.
(Notícia atualizada às 11h45)
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