Timmermans recorda que Weber pediu sanções para Portugal e elogia políticas de Costa
Portugal esteve no centro do único debate entre os principais candidatos à presidência da Comissão Europeia. O socialista Franz Timmermans lembrou que o conservador Weber pediu sanções para Portugal.
Portugal “animou” hoje o debate entre os candidatos à presidência da Comissão Europeia, com o socialista Frans Timmermans a acusar o conservador Manfred Weber de ter defendido sanções para o país quando António Costa procurou criar “mais justiça social”.
No hemiciclo em Bruxelas, no único debate entre os candidatos principais (‘Spitzenkandidaten’) ao cargo de presidente da Comissão Europeia antes das eleições europeias da próxima semana, Manfred Weber (Partido Popular Europeu) mencionou uma conversa com jovens, na sua recente visita a Portugal, na qual aqueles clamaram por melhores salários.
Frans Timmermans não deixou escapar a deixa e revelou que nas suas visitas a Portugal – a última aconteceu no sábado, quando participou no arranque da campanha oficial do Partido Socialista, ao lado do primeiro-ministro português – os jovens com quem falou recordaram-no que “quando António Costa apresentou um plano para criar mais justiça social e crescimento económico, a Comissão Europeia concordou e Weber quis penalizar Portugal”.
“Todos concordamos que a solidariedade é um tema chave para a Europa, mas a responsabilidade também o é. Devo recordar que nos últimos cinco anos foi um socialista, o comissário [Pierre] Moscovici, o responsável pela pasta do Euro, que foi Jeroen Dijsselbloem, um antigo colega seu, que esteve à frente do Eurogrupo e que empreendeu as reformas necessárias e que hoje é um ministro das Finanças socialista de Portugal que está à frente do Eurogrupo. Todos devem assumir as suas responsabilidades e os socialistas não devem atacar as suas próprias políticas”, defendeu-se o ‘Spitzenkandidat’ da maior família política europeia.
Numa reação veemente, o socialista holandês, atual primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, acusou o alemão do PPE de estar a interpretar mal as suas palavras e frisou que tanto o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, como o presidente do executivo, Jean-Claude Juncker, consideraram que o plano orçamental português poderia funcionar, uma afirmação que foi confirmada com um aceno de cabeça por parte de Margrethe Vestager, uma das sete candidatas dos Liberais e comissária da Concorrência.
“E Manfred Weber, desde o Parlamento Europeu, disse que não iria permitir e que Portugal deveria ser punido. A verdade é que funcionou. Hoje, a justiça social em Portugal é maior, o emprego cresceu tremendamente, porque eles colocaram um ponto final na austeridade e era isso que mais governos deveriam fazer”, declarou.
Em maio de 2016, o líder do grupo parlamentar do PPE escreveu à Comissão Europeia a pedir que Bruxelas endurecesse as suas posições sobre os países – Portugal e Espanha – incumpridores do défice de 3% definido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, admitindo até o recurso a instrumentos corretivos.
Num hemiciclo transformado em estúdio de televisão, seis ‘Spitzenkandidaten’ – Timmermans, Weber, Vestager, Nico Cué (Esquerda Unitária), Ska Keller (Verdes Europeus) e Jan Zahradil (Conservadores e Reformistas) – estão a debater alguns dos temas fortes da campanha para as eleições europeias, como emprego, migrações, segurança, populismo, alterações climáticas e papel da União Europeia na cena mundial.
Inaugurado em 2014, por ocasião das anteriores eleições europeias, o modelo ‘Spitzenkandidat’ prevê que o “candidato principal” da família política mais votada nas eleições europeias seja eleito presidente da Comissão Europeia, o que aconteceu há cinco anos com Jean-Claude Juncker, que sucedeu a José Manuel Durão Barroso, em virtude de o PPE ter vencido o sufrágio.
No entanto, este ano não é garantido que o sucessor de Juncker seja um dos ‘Spitzenkandidaten’, pois este modelo perdeu força no Conselho Europeu, composto pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, que desde há mais um ano tem lembrado que o que está estipulado nos tratados é que cabe a esta instituição designar um nome, “com base nos resultados das eleições europeias”, mas sem qualquer mecanismo de “automaticidade” relativamente aos candidatos principais apresentados pelas famílias políticas.
As eleições europeias decorrerão entre 23 e 26 de maio nos 28 Estados-membros da União Europeia.
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