Ministro das Finanças britânico demite-se caso Boris Johnson seja eleito primeiro-ministro
Philip Hammond diz que não pode aderir a um Brexit sem acordo e que, por isso mesmo, caso Boris Johson seja o nome anunciado esta terça-feira, irá optar pela demissão.
O ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, disse este domingo à BBC que se demite caso o candidato à liderança do Partido Conservador, Boris Johnson, se torne mesmo primeiro-ministro.
“Supondo que Boris Johnson se torna o próximo primeiro-ministro, compreendo que as suas condições para servir o seu Governo incluiriam a aceitação de uma saída [do Reino Unido da União Europeia] sem acordo em 31 de outubro. Isso não é algo a que eu possa alguma vez aderir”, disse Hammond no programa do jornalista Andrew Marr, na BBC.
O chanceler do Tesouro Público, como também é oficialmente designado o cargo de ministro das Finanças do Reino Unido, deixou ainda claro que no caso de Boris Johnson assumir o poder, se demitirá antes mesmo do possível novo primeiro-ministro assumir funções. “Estou seguro de que não vou ser demitido porque me vou demitir antes de chegar a esse ponto”, disse Philip Hammond, pró-europeu.
O ministro acrescentou que “é muito importante que o primeiro-ministro possa ter um chanceler que seja de uma linha política muito próxima”. “E, portanto, eu tenho a intenção de apresentar a minha demissão a Theresa May antes de ela ir ao palácio [de Buckingham] entregar a sua própria demissão [à rainha Isabel II] na quarta-feira”, afirmou.
Também o ministro da Justiça, David Gauke, anunciou este domingo ao jornal The Sunday Times que pedirá a demissão caso Boris Johnson seja eleito.
O nome do próximo primeiro-ministro britânico, designado pelos 160 mil membros do Partido Conservador, será conhecido na terça-feira e assumirá funções no dia seguinte. Os militantes podem votar, por via postal, até às 16h00 (mesma hora em Lisboa) de 22 de julho, e o vencedor será divulgado no dia seguinte, desencadeando a demissão da primeira-ministra britânica, Theresa May, para dar o lugar ao novo líder do partido do Governo.
Os dois candidatos à sucessão de Theresa May são o chefe da diplomacia britânica, Jeremy Hunt, e Boris Johnson, antigo presidente da Câmara de Londres e favorito à eleição. Boris Johnson foi um dos principais apoiantes do Brexit no referendo de 2016 e não exclui uma saída da União Europeia sem acordo em 31 de outubro, a nova data estabelecida para os britânicos abandonarem o bloco europeu. Já Jeremy Hunt defende um acordo de saída com a União Europeia.
Theresa May renunciou à liderança do partido Conservador a 7 de junho devido às dificuldades em fazer aprovar o acordo de saída que concluiu com Bruxelas em novembro, mas continua como chefe de Governo até a eleição do sucessor.
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