Novo Banco, o “bom”, dá lucro. Dívida pública está a ajudar
Banco liderado por António Ramalho teve prejuízos de 400 milhões. Sem o "legacy", os números são diferentes. Dá lucro, beneficiando da valorização da dívida pública, mas também do aumento da margem.
O Novo Banco continua a dar prejuízo. Cinco anos depois da sua criação, após a resolução do BES, a instituição liderada por António Ramalho mantém-se no “vermelho”, penalizada pelos ativos tóxicos que ficaram no balanço. Retirando o legacy, os números são bem diferentes. Em vez de prejuízos de 400 milhões, deu lucro nos primeiros seis meses do ano, beneficiando, em muito, da aposta em dívida pública.
Olhando apenas para o lado “bom” do Novo Banco, que a instituição passou a revelar desde o primeiro trimestre, há sinais positivos nas contas da primeira metade do ano. Registou “um resultado positivo de 113,4 milhões de euros”, que compara com os 28,6 milhões do primeiro semestre do mesmo período do ano anterior. E Ramalho disse, recentemente, que acredita ser possível fechar 2019 com lucros no banco “bom”.
“Comparando com o primeiro semestre de 2018, o resultado apresenta um crescimento de 84,8 milhões de euros”, diz o banco, destacando para este feito os resultados de operações financeiras que aumentam 43 milhões de euros. Estas operações financeiras traduzem a aposta do banco em dívida nacional, estratégia comum à generalidade dos bancos nacionais.
“Os resultados de operações financeiras ascenderam a 47,9 milhões de euros, reflexo dos ganhos na venda e reavaliação de títulos, em particular os relativos a dívida pública”, explica o banco.
"Os resultados de operações financeiras ascenderam a 47,9 milhões de euros, reflexo dos ganhos na venda e reavaliação de títulos, em particular os relativos a dívida pública.”
À boleia da melhoria da situação financeira do país, mas também da política monetária do Banco Central Europeu, os títulos nacionais têm vindo a valorizar, atingindo máximos históricos que levaram a yield das obrigações do Tesouro a 10 anos para um recorde de 0,25%.
A política do BCE, que se prepara para fazer um novo corte de juros, está a assustar os bancos nacionais, receando o impacto que esta medida poderá ter na margem financeira. Praticamente todos os bancos fizeram alertas nesse sentido, sendo que o Novo Banco não será alheio a essa adversidade. No entanto, por agora, a margem cresce. Aumentou em 47,5 milhões no primeiro semestre.
“A margem financeira apresenta um crescimento de 188,5 milhões de euros para 236 milhões que contou com o contributo positivo das medidas de otimização concretizadas durante o exercício de 2018”, diz a instituição liderada por António Ramalho.
O banco revela que o ativo do Novo Banco bom aumentou 4,2%, para 1.588 milhões de euros, com o crédito a clientes a apresentar um crescimento de 3,1% “observável em todas as carteiras (particulares e empresas)”.
“Embora com crescimento do crédito, o Novo Banco permanece focado numa disciplina de rigor no preço, tendo a margem financeira destes primeiros seis meses situado em 1,37% (+34 pontos base comparativamente ao primeiro semestre de 2018)”, salienta.
Isto é resultado da forte quebra nas taxas pagas nos depósitos (que caíram de 0,88% para 0,5%, em média), contra uma redução ligeira nos juros dos créditos (2,3% contra 2,57%). As comissões cobradas cifraram-se em 150,7 milhões, ligeiramente aquém do registado no período homólogo.
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