Sindicatos convocam motoristas para plenário enquanto aguardam “tranquilamente” proposta dos patrões

Sindicatos reúnem associados em plenário dia 10 para debater paralisação de 12 de agosto. Esperam contraproposta da Antram até sexta-feira para colocarem a votos. Sem nova proposta, greve é certa.

Os sindicatos de motoristas que assinaram o pré-aviso de greve para 12 de agosto e por tempo indeterminado vão reunir os seus associados em plenário no próximo sábado, dois dias antes da paralisação. Caso até lá surja uma contraproposta por parte da Antram, dizem, a mesma será colocada a votos entre os motoristas e, dependendo do resultado, a greve pode ser anulada. Esta contraproposta terá de chegar até sexta-feira, dia 9.

Ao fim de mais de quatro horas de reunião no Ministério das Infraestruturas, os sindicatos dizem que “comprovaram pela primeira vez” do lado do Executivo um “empenho claro para resolver o diferendo” entre patrões e motoristas, tendo aliás o próprio Ministério libertado um comunicado a dar conta da sua própria proposta para tentar resolver o conflito laboral.

O “ministro mostrou grande abertura face ao que os motoristas estão a passar e explicámos que só recuaremos com a greve com uma decisão sobre quatro ou cinco pontos dos quais não podemos abdicar. Deixámos os pontos ao senhor ministro, que os fará chegar à Antram, e aguardaremos uma resposta da Antram”, salientou Pedro Pardal Henriques, do Sindicato Nacional de Matérias Perigosas (SNMMP). Esta resposta terá de chegar até sexta-feira, disse, para que vá a tempo de ser debatida e votada pelos associados dos sindicatos.

“Nesta reunião com o Governo pudemos comprovar que houve pela primeira vez empenho claro para resolver diferendo. Estudámos várias nuances para encontrar solução e o que impede a solução é a postura da Antram, que não apresenta uma contraproposta“, referiu por seu turno Anacleto Rodrigues, dirigente do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, à saída da reunião.

“Vamos ver se a Antram mostra abertura entretanto porque, surgindo uma contraproposta, será apresentada aos nossos associados que a votarão”, explicou Anacleto Rodrigues. “Se virmos satisfeitos os pontos de que demos conhecimento ao ministro”, detalhou, o pré-aviso será retirado. Mas que pontos são esses? O sindicalista preferiu não comentar.

“Estão dentro das principais exigências, que já são bem conhecidas”, referiu, aproveitando para lembrar que em causa não está apenas a componente salarial, mas também questões legais e de direitos. “Fala-se muito do salário base, mas há muito mais… os direitos dos trabalhadores que foram retirados com a última convenção, a não valorização salarial nos últimos 20 anos… não está em causa apenas o salário base. É preciso pensar em como se chegou aqui”, prosseguiu.

A Antram já manifestou a total indisponibilidade para voltar à negociação enquanto o aviso prévio de greve estiver em cima da mesa, porém, esperam os sindicatos, a “influência” do Governo pode fazer mudar o cenário. “O Governo mostrou-se empenhado em usar a sua influência para que Antram volte às negociações antes de dia 10. Vamos aguardar a posição da Antram”, apontou o dirigente do SIMM.

Em relação à discussão sobre os aumentos salariais, Anacleto Rodrigues apontou que a revisão prevista para janeiro de 2020, que tem sido avaliada em 300 euros, refere-se não apenas a um valor bruto — “inclui a contribuição social” — como não está assegurada para todos os motoristas. “O valor inclui um subsídio para motoristas de matérias perigosas, que são cerca de 1.200. Para os restantes 50 mil o aumento em cima da mesa é de apenas 104 euros”, salientou. E recordou: “Não estamos a fazer greve por aumentos em 2021 e 2022. Antes aceitámos que os aumentos fossem espaçados até 2022, algo que a Antram aceitou e depois recuou.”

Questionado sobre se um aumento tão pronunciado em três anos não colocará em causa a saúde financeira das empresas de transporte, Anacleto Rodrigues lembrou que estas empresas se encontram “num setor intermédio, não são o final”, pelo que devem “acautelar a evolução salarial” quando estiverem a negociar os próximos anos, dando a entender que as empresas devem fazer refletir os aumentos em clientes como as petrolíferas ou empresas de distribuição, que são onde começa o esmagamento salarial do setor, acusam.

(Notícia atualizada às 22h20)

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