Wall Street afunda 3% com crescendo da tensão comercial

O S&P 500 registou a maior queda diária desde dezembro, numa altura em que a guerra comercial entre os EUA subiu de tom. Queda foi transversal aos principais índices e chegou às cotações do petróleo.

A seguir à pior semana do ano, a pior sessão do ano. Foi a isso que se assistiu em Wall Street na primeiro dia da semana, em que os principais índices bolsistas norte-americanos sofreram perdas de mais de 3%. O culpado? O crescendo da guerra comercial entre os EUA e a China que, nesta segunda-feira, fica marcado pela desvalorização do yuan para a fasquia mais baixa em mais de uma década.

O S&P 500 tombou 2,98%, naquele que é o pior desempenho diário desde dezembro e a sexta sessão consecutiva de quedas. O cenário para os restantes índices bolsistas norte-americanos não é melhor. O Dow Jones caiu 2,9%, enquanto o Nasdaq derrapou 3,45%, num dia marcado por fortes perdas para as tecnológicas.

Os investidores reagiram de forma muito negativa à reação por parte da China, depois de no final da semana passada Donald Trump ter anunciado que os EUA vão impor novas tarifas a produtos chineses a partir de 1 de setembro. Desta feita o alvo são “os restantes 300 mil milhões de dólares de bens e produtos que vêm da China para o nosso país, dizia o presidente dos EUA na sexta-feira”. Esta tarifa soma-se à taxa de 25% já aplicada pelos EUA a importações da China avaliadas em mais de 250 mil milhões de dólares.

A resposta chinesa foi a desvalorização do yuan e um corte nas importações de produtos agrícolas norte-americano. A moeda chinesa alcançou o valor mais baixo em mais de uma década, depois de o o banco central chinês, com a “bênção” das autoridades, ter fixado o seu valor médio diário nos 6,9225 yuan por dólar, o mais baixo dos últimos oito meses.

Donald Trump, através do Twitter, classificou a ação como uma “grande violação” e “manipulação cambial”. É que um yuan mais fraco e um dólar mais forte representam um desafio para as empresas norte-americanas que fazem grandes negócios com a China, já que faz subir o custo dos seus bens para os clientes chineses.

“É a escalada da guerra comercial”, disse Steven DeSanctis, estrategista de ações da Jefferies, citado pela Reuters. “O fortalecimento do dólar apresenta outro problema. Para empresas que fazem muitos negócios fora dos EUA, tudo isso se soma”, acrescentou o mesmo responsável.

As empresas tecnológicas, setor que apresenta uma grande exposição relativamente à China, acabaram por ser as mais penalizadas no S&P 500, com perdas a rondarem os 4,5%.

A Apple viu as suas ações derraparem 5%, com os analistas a alertarem que as novas tarifas propostas podem afetar a procura de iPhones. Mas as perdas atingiram outros títulos do setor como a Nvidia, Micron Technology e Intel sofrem perdas superiores a 6%, 4% e 3%. Também o Facebook, Amazon, Netflix e Alphabet, dona do Google, deslizaram acima de 3%.

O mercado da dívida também está a ser colocados à prova, já que a fuga ao risco por parte dos investidores fez com que os juros das obrigações do Tesouro norte-americanas a dez anos registassem novos mínimos de três anos, após a maior queda semanal em sete anos.

O receio dos investidores também é percetível no “índice do medo”, o índice VIX, que subiu até à fasquia mais elevada em cerca de sete meses.

Também o petróleo não escapou. A cotação do barril de crude transacionado em Nova Iorque desvalorizava 1,5%, para os 54,81 dólares.

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