Catarina Martins: “O Bloco de Esquerda quer contas certas”
A líder do Bloco de Esquerda disse, em entrevista à TVI, que o partido é a favor do equilíbrio orçamental desde que seja conseguido através de crescimento económico.
A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse esta quinta-feira que o seu partido quer contas certas, mas o que a separa do Governo e do PS é o caminho para chegar a esse equilíbrio orçamental, que entende que deve ser feito através de mais crescimento económico.
“O Bloco de Esquerda quer contas certas, o problema é como nós fazemos a consolidação orçamental, e nós achamos que a consolidação orçamental é feita com crescimento económico”, disse a líder do Bloco de Esquerda, em entrevista à TVI, explicando que no seu entender esse equilíbrio orçamental não pode ser conseguido à custa de serviços públicos ineficazes e falta de transportes ou dificuldades nos hospitais.
A responsável bloquista disse que “é preciso fazer investimentos essenciais” no país que permita criar as condições para que a economia cresça e, a partir daí, “faça uma consolidação estruturada”.
Catarina Martins foi questionada sobre as linhas vermelhas que o partido tem definidas para aceitar voltar a fazer um novo acordo que suporte o futuro Governo na próxima legislatura, mas a responsável nunca respondeu à pergunta diretamente.
A líder do Bloco de Esquerda optou por lembrar a revisão do Código do Trabalho, que o PS aprovou juntamente com a direita, para dizer que trabalharia com um Governo que “seja capaz de acabar com o abuso laboral”, nomeadamente no período de experiência, que é a justificação dada pelos partidos para remeterem a legislação promulgada para a avaliação do Tribunal Constitucional.
Ainda sobre as linhas vermelhas do partido, Catarina Martins disse que, por duas vezes, o PS tentou quebrar o acordo que tinha sido assinado. A primeira com a tentativa de reduzir a Taxa Social Única paga pelas empresas, medida que acabou por não avançar, e a segunda quando António Costa ameaçou demitir-se, depois de ser aprovada na especialidade a contagem integral do tempo de serviço dos professores. Sobre essa crise, a líder do Bloco deixou palavras mais duras: “Foi uma chantagem que o Partido Socialista decidiu fazer com a direita e criou uma crise artificial”.
Bloco quer salário mínimo nacional nos 650 euros em 2020
Questionado sobre qual o valor do salário mínimo que o partido propõe para a próxima legislatura, a líder do Bloco de Esquerda diz que o partido quer que o valor suba para 650 euros já em 2020, tanto para o setor público como para o setor privado.
Nos anos seguintes, a proposta do Bloco de Esquerda é que o salário mínimo suba 5% ao ano, no mínimo. Se for possível aumentar este valor ainda mais, melhor, diz a responsável, mas é preciso dar uma indicação clara sobre qual o trajeto do salário mínimo, tal como se fez no início da legislatura que agora chega ao fim.
“Temos de discutir seguramente o euro”
A líder do Bloco de Esquerda foi também questionada sobre se mantém posições que teve no passado, em que defendeu a saída do euro e a reestruturação da dívida.
Catarina Martins disse que é preciso discutir o euro e que a União Europeia é atualmente “muito desequilibrada com a austeridade”.
Sobre a reestruturação da dívida pública portuguesa, a responsável do Bloco de Esquerda diz que atualmente as condições para avançar para essa reestruturação são muito mais favoráveis.
“A reestruturação da dívida hoje está mais fácil do que nunca. Nós fizemos um grande trabalho com o Partido Socialista sobre a reestruturação da dívida. Nós achamos que esse trabalho deve ir para a frente. O partido socialista depois teve medo e não seguiu, mas há condições hoje até melhores do que nessa altura. Porque se hoje, os títulos de dívida portuguesa que o Banco Central Europeu tem pagassem a taxa de juro de referência do Banco Central Europeu, que neste momento é de 0%, nós poupávamos a cada ano mais de dois mil milhões de euros no serviço da dívida e isso faria toda a diferença no que o país precisa de investir”, disse.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Catarina Martins: “O Bloco de Esquerda quer contas certas”
{{ noCommentsLabel }}