0%, 0,12% e 1,39%. É por isto que está a ir tanto dinheiro para os certificados do Estado

Para quem procura aplicar as suas poupanças em produtos de baixo risco, os depósitos não estão a ser solução. Com as taxas baixas oferecidas pelos bancos, produtos do Estado ganham um brilho especial.

Muitos portugueses estão a ver-se confrontados com contas à ordem recheadas de euros. Não quer dizer que tenham muito dinheiro, mas sim que escasseiam alternativas para o rentabilizar o que conseguem amealhar. A remuneração oferecida pela banca nos depósitos a prazo aproxima-se perigosamente dos 0%. Perante este “deserto” de remunerações, os produtos de poupança do Estado transformaram-se numa espécie de “oásis”.

Os últimos dados disponíveis mostram que, em junho, os portugueses aplicaram a prazo 4.164 milhões de euros. Trata-se do valor mais baixo desde pelo menos os últimos 16 anos e meio, e que não é de estranhar, tendo em conta a remuneração cada vez “mais magra” oferecida por esses produtos.

Num ambiente de taxas de juro de referência historicamente baixas na Zona Euro, os bancos têm vindo a proceder a cortes consecutivos nas remunerações que se dispõem a pagar pelos depósitos das famílias. Daí que, atualmente, a taxa de juro média nas novas aplicações a prazo esteja já no mínimo histórico de 0,12%.

O mais provável é que esse valor possa baixar ainda mais, que tudo aponta para que o Banco Central Europeu proceda a novos cortes dos juros de referência já na próxima reunião que realiza a 12 de setembro.

Para quem procura aplicar as suas poupanças em produtos de baixo risco, os produtos do Estado ganham assim um brilho especial. Tal é verdade para os certificados de Aforro e ainda mais para os do Tesouro.

As novas aplicações nos velhinhos certificados de Aforro efetuadas em setembro são remuneradas a uma taxa de juro de 0,584%. Já quem optar por aplicar o seu dinheiro nos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) conta com uma remuneração de 0,75% no primeiro ano, sendo que nos sete anos do horizonte máximo de aplicação a taxa de juro média é de 1,38%. Mas esse valor pode ser superior, já que a partir do segundo ano a taxa é acrescida de um prémio, em função do crescimento médio real do PIB.

Investimento em certificados continua a engordar

Em face desse cenário, o montante aplicado em certificados continua a crescer. Nos primeiros sete meses do ano, o investimento nestes produtos “engordou” 565 milhões de euros, para ascender a um máximo histórico de 28.855 milhões de euros, contrariando as expectativas iniciais do Governo.

Quando entrou em 2019 assumia uma saída líquida de mil milhões de euros dos certificados em resultado do fim do prazo dos primeiros Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM), que tinham uma maturidade de cinco anos. A perspetiva era que todo o dinheiro que entrou nestes CTPM e que agora está a ser reembolsado acabasse por ser redirecionado para investimentos alternativos, ainda que parte fosse reinvestida em certificados de Aforro ou CTPC.

Contudo, já por duas vezes este ano, o Tesouro reviu essa primeira estimativa. A primeira foi em abril, com esta a passar de uma perda de mil milhões de euros para uma captação de 400 milhões. Na mais recente apresentação aos investidores, o IGCP subiu ainda mais o valor que prevê arrecadar este ano em certificados, com este a passar para mil milhões de euros, fruto da atração que estes títulos estão a ter junto dos aforradores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

0%, 0,12% e 1,39%. É por isto que está a ir tanto dinheiro para os certificados do Estado

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião