Centeno: Há 4.750 milhões de euros por explicar no programa eleitoral do PSD

Numa conferência de imprensa no Largo do Rato dedicada ao programa eleitoral do PSD, Mário Centeno diz que as previsões são irrealistas e que as contas da receita e da despesa não batem certo.

Mário Centeno disse esta segunda-feira que há 4.750 milhões de euros por explicar nas contas que o PSD apresenta no seu programa eleitoral, e diz que a estratégia com que o maior partido da oposição se apresenta a eleições colocaria Portugal novamente numa situação de défice excessivo.

Numa apresentação feita na sede do Partido Socialista, em Lisboa, intitulada “Os cenários económicos em que não vamos votar”, o candidato a deputado socialista, e atual ministro das Finanças, Mário Centeno acusou o PSD de apresentar uma projeção de crescimento irrealista e de fazer muitas promessas eleitorais que “não casam com a despesa do cenário económico do PSD”.

Mário Centeno disse que não só o crescimento proposto pelo PSD é irrealista, mas que mesmo que esse crescimento nominal (crescimento real, mais o efeito da variação de preços) se viesse a verificar, ainda estariam por explicar 2.000 milhões de euros de receita que o PSD está a prever.

“O [crescimento económico] que o programa do PSD promete é ligeiramente inferior ao desta legislatura, em termos nominais, mas com muito mais receita. Ou seja, com menos PIB, PSD promete uma receita que é 10% superior. As projeções do PSD são deste ponto de vista materialmente impossíveis“, disse.

O [crescimento económico] que o programa do PSD promete é ligeiramente inferior ao desta legislatura, em termos nominais, mas com muito mais receita. Ou seja, com menos PIB, PSD promete uma receita que é 10% superior. As projeções do PSD são deste ponto de vista materialmente impossíveis.

Mário Centeno

Ministro das Finanças

A verdade é que o PSD faz muitas promessas sobre o investimento nos serviços públicos, o aumento dos salários na Função Pública, em todos os setores da Administração Pública, e nas prestações sociais. (…) Estas promessas não casam com a despesa do cenário económico do PSD. São promessas que são vãs”, acrescentou.

Nas contas feitas pelo candidato, os riscos identificados, caso se concretizem, deixariam Portugal novamente “numa situação de défice excessivo”.

Mário Centeno dá ainda outro exemplo: a despesa que o PSD estará a propor no seu programa eleitoral está, de acordo com as suas contas, “subfinanciada em 2.750 milhões de euros”, caso o objetivo seja atingir um excedente orçamental em 2023, algo que o Governo prevê conseguir já em 2020.

No final, diz, “temos pelo menos 4.750 milhões de euros no éter que estão por explicar”.

Um recado ao ‘Centeno’ do outro lado

Na sua veste de político socialista, Mário Centeno não deixou de aproveitar o tempo de antena para deixar algumas farpas a Joaquim Miranda Sarmento, o social-democrata responsável pela elaboração do plano económico do PSD e que Rui Rio disse ser o seu futuro ministro das Finanças, caso vença as eleições.

Mário Centeno disse o programa eleitoral do PSD apresenta uma tensão “entre aquilo que é o eleitoralismo de uma proposta e a vontade profunda de quem o elaborou”.

Na proposta em si, diz que “a vontade profunda de quem o elaborou” — em referência a Joaquim Sarmento — coloca “limites ao investimento público, aumenta o IVA da restauração” e também a vontade de “aumentar o IRS” a milhões de portugueses.

(Notícia atualizada)

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