Portugal volta ao mercado para colocar dívida a 15 anos no rescaldo das eleições

O IGCP anunciou que vai realizar na próxima quarta-feira (três dias depois das legislativas) uma colocação de obrigações do Tesouro. É apenas um linha, de títulos que vencem em 2034.

Portugal vai ao mercado de dívida três dias depois das eleições legislativas. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP anunciou que vai realizar um leilão de obrigações do Tesouro (OT) de longo prazo, no qual pretende emitir até mil milhões de euros. Será apenas um linha, de títulos a 15 anos.

“O IGCP, E.P.E. vai realizar no próximo dia 9 de outubro pelas 10h30 um leilão da OT com maturidade em 18 de abril de 2034, com um montante indicativo entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros“, anunciou, em comunicado a agência liderada por Cristina Casalinho.

Quando a colocação acontecer, os investidores irão mostrar como avaliam o resultado das legislativas do próximo domingo. As sondagens indicam que as eleições trarão continuidade, com o PS a aparecer no topo das intenções de voto. O que ainda não é certo é se terá maioria absoluta ou se terá de negociar com parceiros à esquerda.

O cenário base do banco holandês ING é que a geringonça se mantenha, mas o economista Steven Trypsteen alertava, numa nota publicada esta quinta-feira, que há riscos. “O foco do PS na prudência orçamental poderá tornar mais difícil conseguir apoio. Se não o conseguir, então o país poderá ficar ingovernável. Um cenário como o que se vê em Espanha, em que o PSOE precisou, e em última análise não conseguiu, de apoio do partido mais pequeno de esquerda Podemos, poderá tornar-se uma realidade”, apontou Trypsteen.

O Citigroup está mais otimista e considera que a geringonça irá manter-se, mas que a probabilidade de aumentar o número de deputados no Parlamento “deverá trazer um maior poder ao centro e para a agenda de consolidação orçamental do PS”, referiu, numa nota citada pelo Jornal de Negócios. “Em troca, deverão abrir-se portas a mais revisões em alta do rating“.

Para já, os mercados parecem calmos com as eleições: a yield das obrigações benchmark, ou seja, a 10 anos, negoceiam próximos de mínimos históricos em mercado secundário. Esta sexta-feira está em 0,138%, enquanto a dívida a 15 anos tem atualmente uma yield de 0,53%.

Com este novo leilão, Cristina Casalinho mantém assim a estratégia de aproveitar os baixos juros para se financiar com maturidades mais longas, enquanto faz recompra dívida mais cara no mercado. A última operação no mercado feita pelo Tesouro português foi exatamente uma troca de obrigações, que levou o montante total de dívida, cujo reembolso foi adiado ao longo deste ano, para 3.768 milhões de euros.

A última vez que Portugal colocou dívida a 15 anos foi em setembro, quando emitiu 400 milhões de euros, a uma taxa de juro de 0,676%. Na altura, a procura foi 2,30 vezes maior que a oferta do IGCP.

(Notícia atualizada às 13h25)

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