MasterCard, Visa, eBay, Stripe e Mercado Pago abandonam Facebook na criação da Libra

Há cinco novas baixas no consórcio que está a desenvolver a criptomoeda Libra do Facebook. Entre elas estão as renúncias da MasterCard e da Visa, que somam-se à do PayPal.

MasterCard e Visa decidiram abandonar a associação de fundadores da Libra, um grande passo atrás no projeto liderado pelo Facebook.Pixabay

Há novas baixas no consórcio montado pelo Facebook para desenvolver a criptomoeda Libra. A MasterCard e a Visa, assim como o eBay, a Stripe e o Mercado Pago, anunciaram esta sexta-feira que decidiram deixar de fazer parte do grupo de apoiantes do projeto idealizado por Mark Zuckerberg.

Estas saídas somam-se à recusa já anunciada pelo PayPal e podem ameaçar a intenção do Facebook, que pretende criar uma nova moeda digital de alcance mundial e suporte universal. Para tal, a rede social formou uma associação da qual faziam parte estas empresas até agora e onde permanecem outras, como é o caso da Farfetch, criada pelo português José Neves.

Concretamente, a renúncia da MasterCard e da Vida representa representa um grande passo atrás no projeto da Libra, uma vez que estas duas empresas detêm a “fatia de leão” do mercado de pagamentos digitais, pelo que a sua participação era crítica para o desenvolvimento de um ecossistema de pagamentos aceite pela generalidade dos comerciantes no mundo da internet.

Segundo a Reuters, permanecem na Libra Association empresas como a Lyft e a Vodafone. O grupo de apoiantes compõe-se agora, essencialmente, por empresas de capital de risco, telecomunicações e tecnologia.

Facebook já perdeu seis dos 29 fundadores da Libra

Através da rede social Twitter, o líder da equipa que está a desenvolver a Libra, David Marcus, confirmou que a MasterCard e a Visa decidiram abandonar o projeto, deixando-lhes “um agradecimento especial” por se terem mantido “até à 11.ª hora [ou seja, até muito perto de o projeto ser lançado]”. “A pressão tem sido intensa (um eufemismo), e eu respeito a decisão deles de esperarem até haver autorização regulatória para a Libra continuar versus as ameaças (de muitos) do setor”, indicou, sem especificar a que se referia.

Contudo, noutro tweet, David Marcus foi mais longe e “acautelou” que não é por estas desistências que o projeto não se vai realizar. “Claro que não são boas notícias no curto prazo, mas, de certa forma, é libertador. Fiquem ligados para novidades muito em breve. Mudanças desta magnitude são difíceis. Sabes que estás a fazer algo importante quando surge tamanha pressão”, rematou.

As decisões anunciadas na sexta-feira surgem depois de várias autoridades a nível mundial terem expressado preocupações em torno das implicações da Libra para a estabilidade do sistema financeiro mundial. Uma moeda criada pelo Facebook teria como público-alvo principal os milhares de milhões de utilizadores da rede social, o que faria com que a Libra facilmente se tornasse numa das moedas mais universais do mundo.

Uma das críticas mais recentes, aliás, partiu do secretário de Estado Adjunto e das Finanças de Portugal, Ricardo Mourinho Félix, que chegou às notícias internacionais por ser mais uma voz a juntar-se ao coro de críticas ao projeto do Facebook. Segundo Mourinho Félix, “Portugal partilha da preocupação de outros países europeus sobre a Libra e aguarda as recomendações do grupo de trabalho do G7 sobre moedas estáveis [as chamadas stable coins], que deverão ser conhecidas nos próximos dias”, afirmou.

Como explicou o governante português, a Libra “pode ser a primeira moeda privada a impor-se”, sem controlo de qualquer banco central, o que pode suscitar “elevados riscos com dimensão sistémica que lhe estão associados” e “limitar o alcance das ferramentas tradicionais da política monetária”. Mas, apesar das preocupações dos reguladores, o Facebook quer lançar a Libra na primeira metade do ano que vem.

(Notícia atualizada às 17h54 com reação do líder da equipa da Libra)

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