Pires de Lima desafia, mas Adolfo Mesquita Nunes descarta candidatura à liderança do CDS

  • ECO
  • 13 Outubro 2019

António Pires de Lima quer ver, o quanto antes, uma candidatura de Adolfo Mesquita Nunes à liderança do CDS. Mesquita Nunes já reagiu e recusou o desafio.

António Pires de Lima quer que o próximo líder do CDS faça parte da “nova geração” do partido. Por isso, desafiou Adolfo Mesquita Nunes a anunciar uma candidatura à sucessão de Assunção Cristas, por considerar que o partido não pode “estar muitos meses com um líder indefinido”. No entanto, depois do desafio lançado, Adolfo Mesquita Nunes já veio dizer que não vai ser candidato à liderança do partido.

“Tenho a esperança de que, mais cedo ou mais tarde — e se pudesse ser mais cedo do que tarde, tanto melhor — o talento do Adolfo Mesquita Nunes, que é imenso, possa ser posto à prova numa função de liderança política”, afirmou o ex-ministro da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho (em coligação PSD/CDS), numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios (acesso condicionado).

Adolfo Mesquita Nunes foi vice-presidente da Comissão Política Nacional do CDS. Deixou o partido em março deste ano para desempenhar o cargo de administrador não executivo da Galp Energia.

Na entrevista, Pires de Lima garantiu que votará, para líder do CDS, “num candidato que se apresente com discurso moderado, inspirado nos valores tradicionais do humanismo do CDS, mas claramente com o ADN e uma agenda liberal”. “Não votarei nem apoiarei nenhum candidato que procure fazer do CDS uma espécie de partido confessional e que não respeite aquilo que é a liberdade individual das pessoas”.

Estas declarações surgem numa altura em que João Almeida já anunciou que está na corrida à sucessão. E sobre uma possível candidatura própria, Pires de Lima afastou essa hipótese por completo: “Não serei candidato à liderança do CDS. Gosto imenso do CDS, é o meu partido. Sou militante de base hoje. Essa é a minha condição.” Já quanto a um possível regresso de Paulo Portas, Pires de Lima mostrou “saudades” do carismático presidente partido, mas aconselhou-o a “manter-se focado” na “vida que escolheu depois de sair da liderança”.

Ainda na mesma entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Pires de Lima falou num “mau resultado” do CDS nas legislativas do passado domingo e considerou que Cristas foi “a primeira responsável” pelo mesmo. “Fez bem em sair”, considerou, lembrando, no entanto, que a ainda presidente “assumiu” a responsabilidade “com grande dignidade”. “Agora, o tempo do CDS é um tempo para outros protagonistas”, apontou, sem ver nenhum problema se Cristas vier a decidir continuar como deputada da bancada centrista.

O próximo Parlamento contará com pelo menos cinco deputados do CDS (ainda faltam atribuir quatro mandatos), o que levou Pires de Lima a recomendar que o partido defina “quatro ou cinco bandeiras” para a próxima legislatura. Bandeiras essas que “tenham visibilidade na agenda parlamentar e que possam, no final, ser razões que levem as pessoas a querer votar no CDS”.

Por isso, para o partido se manter relevante com a bancada reduzida, e poder ser visto como alternativa os partidos da esquerda, o ex-ministro considerou que deve ser mantido o diálogo com o PSD: “A política e o país precisam de uma alternativa ao PS. Essa alternativa não se constrói se o PSD e o CDS estiverem em modo de autossuficiência e não falarem para estabelecerem pontes entre os dois”, aconselhou, apontando que isso “é válido” para as próximas autárquicas e para as legislativas que ainda estão “longínquas”.

Disse-o, porque considera que a legislatura “vai durar os quatro anos”. “Acho que a direita tem de estar preparada para isso. Acho que não pode pensar que vai disputar eleições dentro de um ano, dois anos”, defendeu. E deixou um conselho final: “Uma alternativa política não se prepara em dois meses”.

Adolfo Mesquita Nunes afasta candidatura

Perante o desafio lançado por António Pires de Lima, Adolfo Mesquita Nunes garantiu no Facebook que não vai ser candidato à liderança do CDS. “Não serei candidato à liderança do partido, em coerência aliás com uma escolha que fiz em março deste ano, cuja fundamentação se mantém”, indicou, aludindo à saída do CDS para integrar o Conselho de Administração da Galp Energia como administrador não executivo.

Ainda assim, o ex-vice-presidente da Comissão Política Nacional centrista disse que estará “presente na discussão sobre os desafios do CDS e sobre a necessidade de construir uma alternativa mobilizadora ao socialismo”. “E estarei com toda a certeza presente no Congresso do CDS, dando em liberdade conta das minhas opiniões”, sublinhou.

Adolfo Mesquita Nunes terminou com um desabafo, garantindo que “tinha como objetivo não falar em público” acerca do estado do partido pós-eleições, “mas o calendário mediático é o que é, pelo que me desviei desse propósito apenas para que ao meu silêncio não pudesse corresponder qualquer significado político de aceitação de um desafio do António Pires de Lima, um amigo, alguém que admiro muito e que é para mim uma referência”, concluiu.

(Notícia atualizada às 14h25 com mais informações)

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