“Chef” que renunciou à estrela Michelin espera sair do Guia em 2020

  • Lusa
  • 18 Novembro 2019

Henrique Leis tornou-se no primeiro ‘chef’ em Portugal a renunciar ao Guia Michelin. O 'chef' diz que a distinção é "uma prisão leve, mas uma prisão” e pretende sair em 2020 para fazer outras coisas.

O “chef” Henrique Leis, que em julho renunciou à estrela Michelin que o seu restaurante detinha há 19 anos, afirma que o seu “compromisso com a Michelin acabou” e espera não ver renovada a distinção na edição de 2020.

Em julho passado, Henrique Leis tornou-se o primeiro “chef” em Portugal a renunciar à classificação do Guia Michelin, decisão que justificou com “o cansaço” e com o desejo de “fazer outras coisas”, depois de 19 anos com uma estrela (‘uma cozinha de grande fineza, compensa parar’) no restaurante com o seu nome, em Almancil, Algarve.

“A Michelin pode ser dona da estrela, mas não é dona do meu restaurante. Eles deram-me a estrela como se fosse um empréstimo, enquanto eu merecesse”, comentou o chefe de cozinha brasileiro, em entrevista à Lusa.

Eu acredito que eles não vão ter a coragem de me manter com a estrela, se eu pedi para sair. Quem é que lhes dá a garantia de que eu vou fazer o mesmo serviço? Eu disse que quero sair, eu saio. O meu compromisso com eles acabou”, referiu.

Henrique Leis garante, no entanto, que desde a decisão de abdicar da estrela nada mudou, e que é assim que pretende continuar.

“Tudo igual. Vou usar os mesmos produtos, da melhor qualidade, a mesma equipa”, disse, mencionando que também não notou alterações na clientela.

Caso a edição de 2020 do Guia Michelin Espanha e Portugal, que será apresentada na próxima quarta-feira em Sevilha, mantenha a estrela ao restaurante “Henrique Leis”, o ‘chef’ garante que a sua atitude será diferente.

“Mesmo que venha a estrela 2020, eu não vou stressar mais, vou tentar fazer o meu trabalho o melhor possível, dedicar-me como sempre me dediquei, ter os mesmos produtos, os mesmos fornecedores”, comentou.

Sobre a sua decisão, Henrique Leis justificou com o cansaço, afirmando que a distinção é “uma prisão – uma prisão leve, mas uma prisão” – e que pretende agora “fazer outras coisas”, nomeadamente ajudar as duas filhas em outro tipo de projetos, também na área da gastronomia.

“Não quero entrar em litígio com a Michelin”, garantiu, antes de referir: “Durante muitos anos, fui muito feliz porque sempre tive orgulho de ter estrela, trouxe-me muita alegria para a minha família e para mim”.

Na próxima quarta-feira será anunciada a edição de 2020 do Guia Michelin Espanha e Portugal, numa gala em Sevilha que assinala, também, os 110 anos do lançamento do ‘guia vermelho’.

A manutenção ou perda da estrela do “Henrique Leis” é uma das principais incógnitas, até porque a posição oficial da Michelin quando ‘chefs’ anunciam a intenção de “devolver” as estrelas é a de que a decisão é dos inspetores e não dos cozinheiros.

Portugal tem, na edição de 2019 do ‘guia vermelho’, seis restaurantes com duas estrelas Michelin (‘uma cozinha excecional, vale a pena o desvio’), e 20 com uma estrela. Continua a não ter nenhum estabelecimento com a classificação máxima (três estrelas, ‘uma cozinha única, justifica a viagem’).

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