Frente Comum quer “impedir” mutualização da ADSE
A Frente Comum defende que transformar a ADSE numa mútua não será para servir os melhores interesses dos trabalhadores do setor público, mas sim os seguros privados e os grandes grupos do setor.
A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública enviou esta quinta-feira uma carta aberta ao primeiro-ministro, António Costa, para exigir a manutenção da gestão da ADSE na esfera pública e enquanto subsistema complementar.
“O Governo quer transformar a ADSE numa mútua e nós temos que impedir isto”, disse esta quinta-feira a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, em conferência de imprensa na apresentação da carta aberta que vão entregar ao primeiro-ministro e “outras entidades”.
Segundo a responsável, o Governo tem vindo, nos últimos anos, a permitir “o arrastamento” de uma gestão destituída de estratégia e submissa aos interesses dos grandes grupos económicos da saúde.
“As comparticipações estão com um atraso que nunca se viu, e a desculpa é a falta de pessoal”, disse. De acordo com os dados da Frente Comum, estima-se, atualmente, uma dívida de 70 milhões de euros aos beneficiários da ADSE e cerca de 600 mil documentos por serem conferidos. “É urgente a regularização do pagamento dos reembolsos devidos aos beneficiários”, referiu.
Para a Frente Comum é também urgente o acerto de contas dos grandes grupos prestadores de serviços na área da saúde, bem como a respetiva atualização das tabelas, assim como a admissão de trabalhadores para a ADSE através de concursos “autónomos e céleres”.
No entendimento da FESAP, a intenção do Governo de transformar a ADSE numa mútua não será para servir os melhores interesses dos trabalhadores do setor público, mas sim os seguros privados e os grandes grupos do setor e para, em definitivo, o Estado se desresponsabilizar das suas obrigações, enquanto entidade empregadora face à saúde dos seus trabalhadores.
Assim, na opinião de Ana Avoila, um dos grandes perigos da passagem para um sistema mutualista é precisamente o não se tratar de um sistema complementar de saúde em que todos são tratados da mesma forma, mas sim de acordo com a idade e respetivo ‘plafond’. “Torna-se uma espécie de seguradora”, reiterou a sindicalista referindo que a Frente Comum já declarou a sua “frontal oposição à destruição da ADSE”.
A Administração Pública, segundo a FESAP, precisa de uma ADSE pública e ao serviço dos trabalhadores, dotada dos meios indispensáveis para resolver os problemas de forma competente e liberta de interesses e influências dos grupos que procuram a sua captura.
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