EDP lucra 512 milhões de euros. Portugal volta a dar prejuízo

EDP apresentou uma "boa performance" em 2019, apesar dos resultados negativos em Portugal. Resultados líquidos do grupo encolheram 1%.

Depois da queda a pique nos lucros em 2018, quando a EDP viu o seu resultado líquido cair 53% para os 519 milhões (o pior resultado em década e meia), muito por causa do impacto das medidas regulatórias em Portugal, em 2019 a elétrica liderada por António Mexia conseguiu recuperar. Os resultados encolheram ligeiramente (1%) para 512 milhões de euros.

“2019 foi um ano de boa performance e boa capacidade de entrega dos compromissos que assumimos no contexto do nosso plano estratégico, apresentado há menos de um ano. Estes resultados só foram possíveis pela aposta nas renováveis há mais de uma década e pela internacionalização da companhia, que teve passos significativos em 2019”, disse o CEO, António Mexia, em conferência de imprensa, sublinhando que a empresa registou “resultados negativos em Portugal pelo segundo ano consecutivo”.

Os prejuízos em Portugal, “pela segunda vez consecutiva, foram de menos 98 milhões, impactados por imparidades [com carvão] em Sines (-94 milhões, com a decisão no que diz respeito ao aprovisionamento para o encerramento na central); provisão no projeto de Fridão (-59 milhões) e baixos volumes hídricos” (menos 3,7 TWh comparando com 2018), que entretanto se recuperaram no último trimestre de 2019. No entanto, nos primeiros nove meses do ano passado a hidraulicidade esteve 39% abaixo da média, enquanto os últimos três meses de 2019 estiveram 56% acima. Já a produção eólica subiu 6% (abaixo da média histórica).

Para os prejuízos em Portugal contribuiu também um impacto superior a 221 milhões de novos impostos e taxas sobre o setor da energia, criados partir de 2014, o que inclui a contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE) à taxa máxima, num total de 70 milhões de euros. “Não fossem estes eventos, os resultados em Portugal já seriam positivos, muito pequenos mas positivos. Nós temos mais de 10 mil milhões de euros investidos em Portugal, por isso precisamos de um retorno necessário face à base de ativos que aqui temos. Estamos longe daquilo que se exige a um ativo que tem a dimensão, a escala e a importância que Portugal tem na nossa carteira. 2020 começa melhor porque choveu mais. Esperamos concretizar a venda dos ativos, temos 11 meses para o fazer, é tempo suficiente “, disse o CEO da elétrica.

“Foi um ano desafiante em que cumprimos tudo aquilo a que nos propusemos. E mais”, rematou Mexia na apresentação, explicando que os resultados de 2019 tiveram suporte na boa performance e capacidade de entrega dos compromissos do plano estratégico 2019-2022. Nas renováveis, dos 7 GW com construção prevista até 2022, 76% já têm contratos de venda de energia de longo prazo. “Num ano duplicámos o grau de cumprimento destes contratos”, salientou o CEO.

Tendo em conta os sucessivos prejuízos no negócio em Portugal, a elétrica tem vindo a reduzir a sua exposição ao mercado nacional, procurando evitar o impacto negativo nos resultados Neste sentido, a empresa já levou a cabo uma primeira venda de ativos, inserida no plano estratégico até 2022 apresentado pela EDP no início de 2019 e que já se encontra quase 80% concluído. “2019 foi um ano importante para a execução do plano estratégico”, disse Mexia.

Em dezembro, a elétrica anunciou a venda de ativos de energia hidroelétrica (seis barragens no rio Douro) ao consócio liderado pela francesa Engie por 2,2 mil milhões de euros. Mexia avançou que a venda das barragens ficará concluída no segundo semestre de 2020, tendo em conta que a empresa já entregou os dossiers relevantes para análise por parte das entidades regulatórias competentes. “Sempre dissemos que seria um processo a decorrer ao longo de 2020”, afirmou António Mexia, vincando que “do ponto de vista administrativo” o processo está a decorrer “como previsto”.

Quanto à rotação de ativos, a EDP tem já 1,1 milhões de euros de transações acordadas, mais de 25% do objetivo para o período 2019-2020.

No que diz respeito ao resultado líquido recorrente, a EDP registou em 2019 uma subida de 7% para 854 milhões de euros e o resultado operacional bruto (EBITDA) cresceu 12% para 3,7 mil milhões de euros. Mexia destacou os “resultados recorde na EDP Renováveis (mais 52% face a 2018, para os 475 milhões de euros), no Brasil e na atividade de comercialização”.

“Num mercado muito competitivo, mantivemos em Portugal 4,8 milhões de clientes de eletricidade e gás. Mais 16% de crescimento no serviço Funciona. Mais do que duplicámos a nossa capacidade instalada de solar descentralizado. Na mobilidade elétrica temos 170 postos de carregamento públicos contratados e 11 mil cartões de ativação de carregamento elétrico”, frisou António Mexia.

A proposta de pagamento de dividendos da EDP ficou-se nos 19 cêntimos por ação, com um payout de 81% sobre o resultado líquido recorrente.

(Notícia atualizada com mais informação)

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