Altice Portugal já pensa no 6G. E as estradas poderão ser as antenas

É em Aveiro que engenheiros da Altice Labs começam a pensar no que será o 6G daqui a dez anos. Previsões incluem transmissões instantâneas, comunicação via satélite e estradas a servirem de antenas.

Enquanto o país discute e implementa a quinta geração da rede de comunicações, há quem já esteja a pensar no 6G. É em Aveiro que a Altice Portugal tem alguns engenheiros debruçados sobre o que poderá ser o futuro das telecomunicações. E apesar de o 5G ainda não ter chegado, a dona da Meo quis levantar já o véu ao que nos espera daqui a dez anos.

“Como vemos o 6G daqui por dez anos? Com velocidades na ordem dos Tbps [terabits por segundo]”, disse aos jornalistas o diretor-geral da Altice Labs, Alcino Lavrador, o homem que comanda o “quartel-general” de inovação da Altice Portugal. “Estamos já a preparar o 6G num dos cinco projetos que decorrem a nível europeu”, garantiu, à margem do quarto aniversário da Altice Labs, em Aveiro.

Dentro de cerca de dez anos, conte com velocidades na ordem dos 2.000 Gbps (gigabits por segundo) e uma “latência quase nula”, segundo o responsável da Altice Portugal. Enquanto, no 5G, uma ligação a um servidor pode ser feita em quatro milissegundos, no 6G será tudo instantâneo, antevê a Altice Portugal.

Porém, a novidade mais surpreendente talvez seja o método de transmissão. Atualmente, no 4G, os smartphones ligam-se às antenas das operadoras. E no 5G não será muito diferente — apenas muda o facto de serem necessárias mais antenas, menos espaçadas entre si. Para a era do 6G, a Altice Portugal prevê a massificação de “redes não terrestres”, com comunicações via satélite. Neste cenário, disse Alcino Lavrador, as estradas, sendo superfícies planas e “reflexivas”, poderão, elas próprias, servir de antenas.

Outra possibilidade será a da comunicação ótica sem fios. Atualmente, estas comunicações à velocidade da luz acontecem no interior de um cabo de fibra ótica. No futuro, poderão ocorrer por laser, disse o engenheiro.

Além disto, a Altice Portugal falou ainda numa “‘explosão’ da desagregação do smartphone“, que é hoje “uma coisa monolítica”. “Esperamos que o processamento, o display e a memória possam estar em dispositivos distintos também”, afirmou o líder da Altice Labs. E o futurismo não se fica por aqui: o 6G poderá criar margem para novas tecnologias que permitam que os nossos cérebros comuniquem diretamente com as máquinas, admitiu.

“Isto é o que imaginamos para o 6G. Temos já um projeto que se baseia na parte da transmissão, de termos grande capacidade de comunicação”, afirmou. Este projeto está sediado na Alemanha e está a ser desenvolvido por um consórcio do qual a Altice Portugal faz parte. Até agora, foram conseguidas velocidades na ordem das “várias centenas de Gbps”, afirmou Alcino Lavrador.

“Estamos muito preocupados com o 5G”

O lançamento do 5G em Portugal está atrasado, repetiu Alexandre Fonseca aos jornalistas, num encontro esta quarta-feira. É uma ideia que tem sido reiterada pelo presidente executivo da Altice Portugal, que considera “impossível” cumprir o calendário da Anacom para a migração de frequências da TDT, necessária para o 5G.

A Meo é a empresa que gere a rede de televisão gratuita no país e colidiu com a Anacom na definição do calendário para esta operação. Assim, sem considerar o calendário proposto pelo regulador, Alexandre Fonseca disse que é o calendário da Altice Portugal que está “em vigor” e que “tem sido cumprido na íntegra”. A empresa espera ter o processo concluído na terceira semana de julho e, uma vez atribuídas as licenças do 5G, espera que as primeiras ofertas comerciais sejam lançadas em “três a seis semanas”.

Dito isto, o líder da Altice Portugal aproveitou para criticar o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, considerando que o setor está a ser regulado “por opiniões” e não por factos. Reagindo a uma notícia do ECO, que deu conta que a Altice Portugal pediu ao Parlamento para que obrigue a Anacom a apresentar análises do impacto regulatório das medidas tomadas, o gestor disse: “Este regulador, desde que está em funções, não apresentou um único relatório [de análise do impacto].”

“Este regulador toma decisões e, depois, não tem a mínima noção. É mais do que uma regra de bom senso: é regra da própria Comissão Europeia, que obriga a que os reguladores tenham essa preocupação”, disse, referindo-se à carta que enviou em janeiro à comissão de economia, instando-a a passar legislação no sentido indicado.

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