“Temos 2.721 colaboradores em teletrabalho” na Fidelidade, diz Magalhães Correia

Numa altura de pandemia global, o ECO foi bater à porta dos gestores que estão em teletrabalho em casa para uma conversa por telefone ou videochamada. O CEO da Fidelidade foi o sétimo.

A Fidelidade, a maior companhia de seguros em Portugal, está com dois terços dos colaboradores, mais de 2.700 pessoas, em situação de teletrabalho desde a semana passada. O presidente executivo Jorge Magalhães Correia não está ainda completamente em modo remoto, continua a coordenar todo o trabalho a partir da companhia. É o sétimo entrevistado de Gestores em teletrabalho, nova rubrica diária do ECO.

“Enquanto CEO da companhia, verifico com muita satisfação que o grande investimento que temos feito na Fidelidade na digitalização e inovação resultou”, afirma Magalhães Correia, “mesmo com dois terços das pessoas a trabalhar a partir de casa, a companhia está preparada para continuar a apoiar os seus clientes de forma exemplar”, garante.

O dia um de reação à pandemia aconteceu no início do surto, quando a companhia disponibilizou uma linha de apoio telefónica. A Medicina On-line, da Multicare, está disponível para apoiar nos casos necessários, 24 horas por dia, sete dias por semana, com um atendimento integralmente feito por médicos. Encaminha para o SNS quando as situações o justificam, seguindo as instruções da Direção Geral de Saúde.

Face ao que se avizinhava, o CEO também considerou que era tempo para experiências insurtech. Existia uma que podia contribuir para o descongestionamento das plataformas de apoio ao despiste do Covid-19. A Fidelidade e a Multicare tinham desenvolvido, com os seus parceiros tecnológicos, uma ferramenta digital online de avaliação de sintomas (symptom checker) e Magalhães Correia considerou ser o momento certo para a disponibilizar na resposta a esta crise. Assim, através de um questionário interativo, a ferramenta digital ajuda os clientes de saúde a identificar as patologias possíveis associadas a um determinado sintoma de saúde, em que se inclui a infeção por Covid-19. No final do questionário, que já foi realizado por 1.300 clientes até ao final da semana passada, é feito o aconselhamento dos passos seguintes, incluindo uma consulta médica através de vídeo-conferência.

Ainda é muito cedo para estimar os impactos económicos e financeiros desta crise sem precedentes, mas todos os investidores têm sofrido com volatilidade e quebra de mercado.

Em termos de seguro de Saúde outra resposta imediata tinha de ser dada. “Declarámos que os nossos clientes Multicare estavam isentos do co-pagamento do teste de Covid-19, tornámos grátis o teste quando feito em prestadores privados”, recordou o responsável. Desta forma os clientes ficavam certos de não ter qualquer custo até um diagnóstico positivo, a partir do qual ficavam obrigatoriamente à responsabilidade do Estado. A Fidelidade pretendeu assim ajudar a uma rápida deteção de infetados, uma das formas mais eficazes de suster a pandemia.

Dilema interno: como proteger os colaboradores sem prejudicar os clientes

A Fidelidade é uma empresa de grandes dimensões. Genericamente, um em cada quatro trabalhadores portugueses estão segurados pela Fidelidade e a proporção é idêntica nos automóveis. Um em cada três dos segurados de saúde no país é da responsabilidade da Fidelidade ou da Multicare, a seguradora especializada do grupo. Com uma faturação de prémios superior a quatro milhões de euros por ano, a Fidelidade é uma das primeiras cinco empresas portuguesas em termos de volume de negócios.

O impacto da Covid-19 nas contas da companhia é assunto que Jorge Magalhães Correia deixa para depois. “Ainda é muito cedo para estimar os impactos económicos e financeiros desta crise sem precedentes, mas todos os investidores têm sofrido com volatilidade e quebra de mercado”. Está tão otimista quanto racional: “O facto de a nossa carteira ser muito diversificada e largamente assente em obrigações pode diminuir o efeito negativo, mas ainda é muito cedo para dizer”.

Para o imediato estava a resposta interna à crise que tinha de ser rápida. A Fidelidade tem 515 lojas de mediação, próprias ou de parceiros, espalhadas pelo continente e ilhas. E tem mais de quatro mil colaboradores diretos, a que se devem adicionar mediadores exclusivos que todos os dias contactam milhares de clientes.

Antes do negócio da saúde já estar na máxima carga “implementámos atempadamente um plano de contingência”, conta, acrescentando que este “tem como objetivo principal proteger os clientes, todas as pessoas que trabalham no grupo e as suas famílias e, ao mesmo tempo, garantir a manutenção de todos os serviços”.

“A tal aposta na tecnologia permitiu colocar 2.721 colaboradores em teletrabalho, ou seja, dois terços da companhia”, refere o CEO. Para que não existam problemas tecnológicos com as ligações a partir de casa, foram criados dois turnos, das 8h00 às 13h00 e das 13h00 às 18h00. “Encerrámos o atendimento presencial em todas as nossas lojas, mantendo-se o atendimento por telefone ou email, e recomendámos o mesmo procedimento aos nossos parceiros”, acrescenta Magalhães Correia.

Com menos colaboradores ainda nas instalações da companhia baixámos muitíssimo o risco de contágio diminuindo a densidade em termos de números de pessoas por edifício.

“Com menos colaboradores ainda nas instalações da companhia”, cerca de um terço, “baixámos muitíssimo o risco de contágio diminuindo a densidade em termos de números de pessoas por edifício”, explica o CEO. “Distribuímos desinfetantes de mãos e equipamentos de proteção individual por todos os edifícios em abundância e, desde a primeira hora, afixámos informação relativa às regras básicas de higiene respiratória”.

Depois há os detalhes. “Reorganizámos lugares de estacionamento permitindo aos colaboradores, que tenham de ficar na companhia nesta fase, estacionar mais facilmente e comparticipamos o custo de estacionamento privado exterior, se necessário”, conclui.

Total Disponibilidade para ajudar o SNS

O futuro próximo parece traçado mas, por enquanto, Jorge Magalhães Correia mantém o controlo da organização com a maioria dos colaboradores à distância. Estabilizada a mudança interna, revela que o grupo Fidelidade “manifestou oportunamente à Direção Geral de Saúde disponibilidade total para estudar o estabelecimento de protocolos assistenciais com o SNS, colocando à disposição deste e da República Portuguesa todos os recursos e capacidade instalada do grupo, que incluem todas as plataformas de assistência, bem como o conjunto de hospitais do grupo”. Nestes inclui-se a Luz Saúde, grupo de unidades hospitalares detido a 50% pela Fidelidade.

A Fidelidade “está preparada para tomar todas as medidas necessárias, e sempre em conformidade com a Direção Geral de Saúde, e acompanhará e implementará todas as recomendações das Autoridades de Saúde competentes, ajustando continuamente os planos às necessidades”, afirma.

E termina abrindo a porta ao apoio a clientes em dificuldade: “Gostávamos também de garantir às famílias e empresas portuguesas que a Fidelidade está, como sempre esteve, disponível para — caso a caso — estudar as melhores soluções para problemas pontuais que possam surgir”.

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