2% das empresas já tinham encerrado definitivamente no início de abril

De acordo com um inquérito feito pelo INE e pelo Banco de Portugal às empresas, 2% das empresas já tinha encerrado definitivamente no início de abril.

O impacto da pandemia na atividade das empresas portuguesas já é bastante visível, de acordo com os primeiros resultados do inquérito preparado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Banco de Portugal (BdP) para acompanhar esta crise. Segundo o documento divulgado esta terça-feira, 2% das empresas já tinham encerrado definitivamente.

O inquérito foi realizado entre 6 e 10 de abril e é “dirigido a um conjunto alargado de empresas de micro, pequena, média e grande dimensão representativas dos diversos setores de atividade económica, sendo a amostra de 8.883 empresas”. “Foram obtidas 4.793 respostas válidas, o que representa uma taxa de resposta global de 54%”, notam o INE e o BdP, sendo que este universo representa 54% dos trabalhadores e 65% do volume de negócios da amostra.

Este inquérito faz um raio-x à situação das empresas portuguesas, através de uma amostra representativa do tecido empresarial, num momento em que o país está sob o estado de emergência. “Esta informação é necessária para que se possam reconhecer tendências e perspetivar linhas a seguir para minorar impactos económicos, nomeadamente sobre as próprias empresas”, argumentam as duas instituições, agradecendo a resposta das empresas “neste momento difícil que o país atravessa”.

Em termos gerais, o retrato é: 82% das empresas mantêm-se em funcionamento, mesmo que parcialmente; 16% está encerrada, mas temporariamente; 2% já encerraram definitivamente e não deverá voltar a abrir. Sem surpresas, o alojamento e restauração, cujos estabelecimentos só continuam a funcionar através de take away, é o setor que “apresenta um maior impacto decorrente da pandemia” com 55% das empresas encerradas temporariamente e 7% definitivamente.

Das que estão em funcionamento ou temporariamente encerradas, 37% registaram uma redução do volume de negócios superior a 50%. Também deste universo, 26% viram o número de pessoas ao serviço efetivamente a trabalhar cair mais de 50% na sequência das medidas de distanciamento social tomadas pelo Governo.

E o que está a afetar mais a atividade das empresas? O maior impacto vem da ausência de encomendas ou clientes e das restrições no contexto do estado de emergência, algo que é transversal a todos os setores e a empresas de todas as dimensões. Cerca de um terço das empresas também assinala os problemas na cadeia de fornecimento, o que também resulta do facto de quase todos os países do mundo estarem a ser afetados pela pandemia.

Quase 50% das empresas só conseguem aguentar dois meses de impacto

São muitas as informações que se destacam das respostas das empresas, nomeadamente que “quase 50% das empresas não tem condições para se manter em atividade por mais de dois meses sem medidas adicionais de apoio à liquidez” ou que “uma percentagem reduzida das empresas em funcionamento ou temporariamente encerradas já beneficiou das medidas anunciadas pelo Governo”, excluindo o lay-off.

Quase metade das empresas desta amostra consegue aguentar até dois meses sem medidas adicionais de apoio liquidez, sendo que 10% dizem mesmo que não conseguem aguentar nem mais um mês. “Estas percentagens são mais expressivas no grupo das empresas de micro e pequena dimensão“, descreve o relatório, referindo, por outro lado, que as grandes empresas são as que conseguirão aguentar mais tempo. Contudo, recorde-se, a esmagadora maioria do tecido empresarial português, em número, é composto por PME.

Por setor de atividade, o alojamento e a restauração volta a destacar-se pela negativa por serem os menos resilientes ao passo entre entre os outros setores não há diferenças significativas, como mostra o seguinte gráfico.

Esses dados estão em alinha com o facto de “cerca de 12% das empresas” terem recorrido a crédito adicional na semana anterior, “sendo esta percentagem superior nas empresas de micro dimensão” e no setor do comércio e inferior nas grandes empresas e noutros setores. “Na maioria dos casos, os novos créditos apresentaram condições semelhantes às anteriormente praticadas“, esclarece ainda o destaque divulgado.

48% já acedeu ao lay-off. Restantes apoios ainda beneficiam poucos

Na segunda semana de abril, 8% das empresas tinham beneficiado da suspensão do pagamento de obrigações fiscais e contributivas e 5% da moratória, o que leva o INE e o BdP a concluírem que “uma percentagem reduzida das empresas em funcionamento ou temporariamente encerradas já beneficiou das medidas anunciadas pelo Governo“.

Esta análise exclui o lay-off simplificado, do qual 48% das empresas desta amostra já estão a beneficiar. O uso deste instrumento é quase total na restauração no alojamento e restauração com 90% das empresas, seguindo-se o comércio, transportes, informação e comunicação ou outros serviços na casa dos 50%. Na indústria e energia assim como na construção e as atividades imobiliárias o uso é menor, situando-se na casa dos 30% das empresas.

Contudo, o INE e o BdP salientam que “uma proporção significativa das empresas não beneficiou nem planeia beneficiar de cada uma das medidas consideradas individualmente“. Em números: por exemplo, 54% das empresas já beneficiaram ou planeia beneficiar da suspensão do pagamento de obrigações fiscais e contributivas, pelo que 46% não planeiam de todo beneficiar.

Perante este choque económico, a maioria das empresas prevê, ainda assim, manter os preços, apesar de 7% já admitir uma redução dos preços. Essa percentagem é mais significativa (16%) no setor do alojamento e restauração.

(Notícia atualizada às 12h22 com mais informação)

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