Portugal volta a pagar por dívida de curto prazo. Obtém 1.250 milhões dos mercados

O Tesouro financiou-se em 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo. Com a instabilidade dos mercados, Portugal volta a ter de pagar para emitir Bilhetes do Tesouro.

Portugal obteve esta quarta-feira 1.250 milhões de euros através de dois leilões de títulos de dívida de curto prazo. Porém, devido à instabilidade dos mercados por causa da pandemia do Covid-19, o IGCP voltou a registar uma taxa de juro positiva para emitir Bilhetes do Tesouro, algo que não acontecia desde o final de 2016.

Na linha de bilhetes a três meses, o IGCP obteve 410 milhões de euros, com o juro a ficar em -0,09. É uma taxa bem menos negativa do que aquela que foi registada no anterior leilão comparável: compara com a taxa de -0,5% verificada no leilão de fevereiro. A procura situou-se 2,53 vezes acima do que foi emitido.

Mas foi na linha a 11 meses que se deu uma inversão, refletindo o nervosismo dos investidores com a atual situação da pandemia de Covid-19: desta vez, Portugal teve de pagar uma taxa de juro de 0,038% para se financiar em 840 milhões de euros em bilhetes com maturidade em março de 2021, quando no último leilão comparável, realizado em fevereiro, a taxa foi de -0,484%. Neste caso, a procura do mercado foi ligeiramente superior ao que o IGCP realmente emitiu: ficou 1,38 acima da oferta.

É a primeira vez desde setembro de 2016 que um leilão de dívida a 11 meses regista uma taxa positiva.

Juros nos leilões a 11 meses voltam a positivo 3 anos depois

Fonte: IGCP

Este resultado já era mais ou menos expectável, confirmando a tendência verificada no mercado secundário, em que os juros dos bilhetes a 12 meses, por exemplo, já registam valores positivos, ao contrário do que sucedeu nos últimos anos.

Isto acontece numa altura em que os investidores manifestam uma maior desconfiança em relação ao impacto económico da pandemia do novo coronavírus, que está a exigir dos vários governos medidas de resposta para mitigar os efeitos da crise sanitária nas empresas e famílias, o que vai levar a um aumento das dívidas públicas.

“O Covid-19, no espaço de um mês e meio, alterou o mundo, mas o impacto do abrandamento económico mundial ainda é difícil de medir na economia real. Apesar de assistirmos a uma subida no custo de emissão de dívida, estamos ainda muito longe de níveis incomportáveis“, explica Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.

“Para já temos uma certeza, os défices irão aumentar e os bancos centrais e governos tudo farão para tentar minimizar os danos na economia. Esta ação pode ser o suficiente para não vermos as yields da dívida soberana a escalar”, frisa o responsável.

(Notícia atualizada às 11h19)

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