Ambientalistas pedem máscaras reutilizáveis, Governo diz que as descartáveis não são para reciclar

A associação ambiental Zero defende que que a reutilização das máscaras sociais/comunitárias é, essencial para reduzir impacte ambiental e social da pandemia de Covid-19.

Em plena pandemia de Covid-19, o uso de máscaras pela população em geral continua a não gerar consenso. No início do mês de abril, a Organização Mundial de Saúde admitiu alargar uso de máscaras à população em geral, frisando que a prioridade deve continuar a ser para profissionais de saúde, sobretudo devido à escassez de equipamentos de proteção descartáveis a nível mundial. Aos países que decidam generalizar o uso de máscara, a OMS deixou um recado: avaliar bem os riscos.

Esta semana, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que máscaras não cirúrgicas podem ser usadas pela população em espaços interiores fechados e com elevado número de pessoas, como supermercados e transportes públicos, uma opinião secundada pela Direção Geral da Saúde, como medida de proteção adicional ao distanciamento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratória. Logo depois, o presidente do Infarmed, Rui Ivo atestou que as “máscaras sociais” podem ser de algodão ou poliéster, e que muitas serão reutilizáveis.

Neste contexto, os ambientalistas da associação Zero já vieram também aconselhar a que a máscara social seja reutilizável, ficando as máscaras cirúrgicas apenas para quem delas necessita, nomeadamente profissionais de saúde e a muitos outros que estão a prestar serviço público, além de outros grupos de risco.

“A atual crise de saúde pública aumentou de forma exponencial o uso de máscaras cirúrgicas em utilizações de curta duração, aumentando de forma muito significativa a produção deste tipo de resíduo. Ao mesmo tempo, o grande aumento da procura levou à sua escassez, o que pode colocar em causa a possibilidade de todos aqueles que estão mais expostos a uma possível contaminação estarem bem protegidos”, argumenta a Zero, acrescentando: “É fundamental reduzir a pressão da procura deste tipo de bens”. A organização não-governamental de ambiente (ONGA) defende que que a reutilização das máscaras sociais/comunitárias é, portanto, essencial para reduzir impacte ambiental e social.

Além de garantir a disponibilidade das máscaras cirúrgicas para os grupos prioritários, as ditas “máscaras sociais” — usadas como complemento ao distanciamento social, lavagem frequente das mãos e confinamento em casa permitirão “reduzir de forma muito significativa a produção de resíduos que, na melhor das hipóteses, acabarão por ir para aterro ou serem queimados, havendo ainda o risco de acabarem abandonados no ambiente ou até mesmo nas nossas praias, se não forem encaminhados corretamente, à semelhança do que já está a acontecer noutros países”.

Diz a Zero que existem vários recursos na internet que ensinam a fazer este tipo de máscaras, sendo no entanto “fundamental usá-las e higienizá-las bem, após cada utilização”: lavar muito bem as mãos antes de colocar, antes de retirar e após retirar; retirar pelos elásticos e nunca pela frente; lavar muito bem com água quente e sabão ou então colocar na máquina; lavar a máscara após cada utilização curta.

Do lado do Governo, a secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, voltou a apelar para que as máscaras descartáveis sejam deitadas no lixo comum e não colocadas nos ecopontos, para reciclagem. Numa mensagem em vídeo divulgada na rede social Twitter, a governante apelou aos cidadãos para reforçarem “o respeito e o apoio” às pessoas que trabalham na recolha de resíduos e na limpeza urbana, protegendo-os de material que possa estar contaminado.

No vídeo divulgado nas redes sociais, Inês dos Santos Costa pede que “máscaras, luvas ou lenços” sejam postos no lixo comum e nunca nos contentores de reciclagem que servem para papel, embalagens de plástico ou metal e vidro.

A secretária de Estado sublinha que em domicílios onde haja casos de covid-19, todos os resíduos devem ser deitados fora usando “pelo menos dois sacos do lixo até dois terços da sua capacidade”, atados e postos nos contentores do lixo comum.

Apelou a que, se não houver casos, todo o lixo reciclável seja posto nos ecopontos respetivos, respeitando “horários de recolha e capacidade dos contentores”.

Inês dos Santos Costa apelou ainda a que se evite colocar “monstros” como móveis, sofás ou colchões na via pública, indicando que “este é um tempo de emergência e não se pode sobrecarregar a limpeza urbana com este serviço adicional”.

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