Covid-19 e Interrupção de negócio: Hiscox esclarece polémica e FCA toma posição

  • ECO Seguros
  • 19 Abril 2020

A exposição à interrupção de negócio por causa da pandemia é limitada na Europa e é negligenciável no negócio de retalho nos EUA, afirma a seguradora numa nota de esclarecimento a especulações.

A formulação base do clausulado nas apólices da Hiscox “não protege a interrupção das atividades de empresas (Business Interruption) em resultado das medidas gerais tomadas pelo Governo do Reino Unido em resposta à pandemia”, introduz um comunicado da companhia que vem clarificar notícias na imprensa sobre a sua exposição à cobertura ‘interrupção de negócio’, em particular no mercado britânico das PME.

Nas últimas semanas, a imprensa britânica tem reportado alegada deceção de segurados, nomeadamente pequenas empresas que, com base na presunção de que as apólices que contrataram junto da Hiscox cobriam as consequências da pandemia, recebem resposta negativa a pedidos de compensação por interrupção de negócio. A contestação era personalizada pelo intitulado ‘Hiscox Action Goup’, um movimento reunindo cerca de 80 titulares de apólices do segmento retalhista.

“Ao determinar qualquer resposta a reclamações ou queixas, a Hiscox analisa cada caso individualmente”, responde a companhia sediada nas Bermudas. “À luz da recente especulação do mercado”, a companhia decidiu expor “pormenores adicionais sobre a sua exposição à interrupção de atividade”:

  • A Hiscox UK fornece cobertura de interrupção de atividade às PME como parte das suas apólices de pequenas unidades comerciais. Aproximadamente 10% dos clientes desta carteira de clientes da Hiscox UK adquirem cobertura para a interrupção de negócios.
  • Dos que adquirem cobertura para a interrupção de negócios, a Hiscox estima que cerca de 10.000 foram diretamente afetados pelo encerramento ditado pela covid-19, e que foi decretado pelo governo para impedir a propagação do surto.
  • Mais de 70% destes clientes têm receitas mensais inferiores a 40.000 libras esterlinas (cerca de num ambiente comercial normal, com uma proporção significativa inferior a 10 mil libras por mês. O nível de perdas económicas registadas por estas empresas é provavelmente inferior ao das receitas num ambiente de negociação normal.

No mesmo comunicado, a Hiscox afirma que a sua “exposição à interrupção de negócio por causa da COVID-19 é limitada na Europa e que tem uma exposição negligenciável no seu negócio de retalho nos EUA”. Ainda, de acordo com a companhia, “a Hiscox Retail dispõe de uma cobertura de resseguro substancial”.

A nota de atualização publicada no site da seguradora recorda ainda que a Hiscox tornou público um ‘cenário de desastre realista’ que estima um “prejuízo líquido de 175 milhões de dólares para perdas provenientes principalmente do cancelamento de eventos, entretenimento e viagens num cenário pandémico global”. A instituição informa que “está a pagar proativamente os sinistros relativos a estas linhas de negócio e os sinistros estão a progredir de acordo com as suas expectativas”.

Concluindo a nota de esclarecimento, a
Hiscox adianta que, na próxima semana, fornecerá uma nova atualização ao mercado clarificando as suas potenciais exposições após a conclusão da análise e avaliação dos negócios em curso.

Supervisor reitera orientações sobre interrupção de negócio

Entretanto, numa mensagem sobre o mesmo tópico publicada no mesmo dia do update da Hiscox e dirigida aos CEOs das seguradoras que operam junto das pequenas e médias empresas (PME), a Financial Conduct Authority (FCA), entidade que supervisiona o setor segurador no Reino Unido, reitera recomendações avançadas a 19 de março na qual, face ao cenário de crise, exortava seguradoras e corretoras a cuidarem das expectativas dos segurados, adotando “flexibilidade, rapidez e clareza” nas respostas às questões dos clientes. Mas não só.

A propósito da recente polémica sobre as coberturas de interrupção de negócio (BI), a mensagem assinada por Christopher Woolard, diretor executivo interino da FCA, assume que a maioria das apólices contempla uma cobertura básica. Ou seja, se o seguro não cobre pandemias as seguradoras não estão, por consequência, obrigadas a pagar ocorrências relacionadas com a covid-19. Mesmo que isto seja dececionante para os segurados “não vemos qualquer fundamento razoável para intervir nestas circunstâncias”, lê-se no comunicado do supervisor.

No entanto, a FCA avisa que vai apertar a monitorização sobre como as seguradoras e corretoras estão a interpretar as condições inscritas nas apólices.

Acresce que, para os casos em que a cobertura do risco de pandemia é clara na apólice, a FCA ordena que as seguradoras indemnizem os sinistros de BI relacionado com a crise do coronavírus “o mais rapidamente possível”. Além disso, na carta tornada pública é dito às empresas que se recusam a pagar que expliquem o porquê e de que forma consideram que a essa decisão é um resultado justo para os consumidores, exige a FCA.

De acordo com a imprensa britânica, o setor já saudou a mensagem “firme e pragmática” de Woolard.

Comentando o que a carta significa para os corretores, David Sparkes, responsável de compliance e formação na British Insurance Brokers’ Association, afirmou: “O que os membros querem é alguma clareza, estão a tentar ajudar os seus clientes que enfrentam resultados incertos e precisam de respostas”. Congratulando-se com a instrução firme e pragmática do supervisor, Sparkes acredita que a carta de Woolard “ajudará os nossos membros a resolver as questões com que se deparam”.

Por seu lado, o Chartered Insurance Institute (CII) também reagiu positivamente à posição assumida pela FCA.

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