Seguradoras sentem impacto do vírus. Seguros de acidentes de trabalho caem

  • ECO Seguros
  • 21 Abril 2020

Meio mês de março foi o suficiente para ver o primeiro ramo segurador a registar quebra de produção. No primeiro trimestre do ano as vendas de seguros baixaram 24%, também por outros motivos.

A APS Associação Portuguesa de Seguradores revelou a produção do setor segurador no primeiro trimestre de 2020, já refletindo março, o primeiro mês, ou meio mês, da crise Covid-19. Estes indicadores resultam agregando a informação prestada pelos sócios da APS, que são todas as seguradoras a operar no mercado português.

A produção de seguros do ramo vida baixou 45% para 1.166 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020 (T1-20) enquanto o conjunto dos ramos Não Vida subiram 5% para 1.475 milhões de euros. O conjunto do mercado desceu 24% para um valor de 2.641 milhões, relativamente ao T1-19.

Para a APS, que reúne estes dados de produção mensais junto de todas as seguradoras do país, “Os indicadores de março não permitem retirar quaisquer conclusões sobre os impactos da atual situação na produção de seguros” admitindo que “em abril e maio os indicadores permitem já ter uma ideia mais realista desse impacto”. A APS também admite igualmente que nos ramos Não Vida pode “haver já alguma influência, mas ainda muito residual, da entrada em vigor do período de emergência na segunda quinzena de março”.

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Fonte: APS

A considerar de forma preocupante é a contínua descida do ramo Vida no conjunto do mercado. No T1-19 (primeiro trimestre de 2019), Vida representava 60% do mercado global, no T1-20, representa apenas 44%. O ramo Vida é, face a um sistema de segurança social matematicamente incapaz de assegurar o atual nível de compromissos, um fator indispensável de proteção social na reforma e doença no médio e longo prazo.

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A produção de seguros de acidentes de trabalho, que tinha crescido em janeiro e fevereiro – relativamente aos meses homólogos de 2019 – em 11% e 25%, respetivamente, já registou uma quebra de 1% em março de 2020 face a março de 2019. Tem um peso de 19% na produção total de Não Vida.

Automóvel cresceu 5% no T1-20, mas apenas 3% em março, resistindo ainda em movimento positivo apesar da quebra de 50% de veículos novos. Representa 35% do mercado Não Vida.

Incêndio e outros danos, que representa 17% do mercado Não Vida adicionando Habitação, Comércio e Indústria, cresceu 3% no T1-20, com uma subida de 6% em março.

Contrariando a tendência, ou seguindo os sinais dos tempos, os seguros de Doença/Saúde tiveram uma produção aumentada em 10%, com crescimento de 14% em março, primeiro mês Covid.

No conjunto, os ramos Não Vida registaram um aumento em T1-20 de 7% relativamente a T1-19, com março a subir 5% em relação ao mês homólogo do ano passado, depois de crescimentos de 6% e 9% em janeiro e fevereiro respetivamente.

A APS comenta estes resultados a ECOseguros: “Não existe informação detalhada que nos permita aferir qual o impacto deste período excecional que estamos a viver, resultado da entrada em vigor do estado de emergência. Admite-se que em abril e maio os indicadores permitam já ter uma ideia mais realista desse impacto”.

no desempenho do Ramo Vida, a associação comenta que “apenas confirmam as tendências do início do ano e, também, do ano anterior, ou seja um decréscimo fruto do ambiente prolongado de baixas taxas de juro e da ausência de estímulos à poupança”, conclui.

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O mercado dos seguros de vida é hoje metade do que era há um ano. No primeiro trimestre (T1) de 2020 as vendas de seguros de vida baixaram de 2,1 milhões de euros de produção (T1-20) para 1,16 mil milhões (T1-19), menos 45%.

O conjunto de Seguros de Risco Puro, Produtos de capitalização e os PPR representavam 97% do total da produção do Ramo Vida no T1-19, num valor de 2,1 mil milhões de euros. No T1-20 representam 95% do total Vida, mas já para um valor de 1,16 mil milhões de euros.

No entanto a composição mudou radicalmente. Os produtos de risco puro que representavam 10% do ramo Vida no T1-19, quase duplicaram para 19% no T1-20. Os Produtos com componente de investimento financeiro tiveram uma baixa significativa.

Os produtos de capitalização tiveram uma quebra de 22% no T1-20, mas são hoje o produto estrela do mercado de Vida, obtendo metade da produção. Já os PPR tiveram uma quebra no T1-20 de 72% tendo faturado apenas 85 milhões de euros em março. Há um ano tinham um peso de 51% no ramo Vida, hoje significam 26%.

As previsões para o desempenho nos próximos meses são reservadas quanto a resultados técnicos. A compensar uma baixa de sinistralidade em Acidentes de Trabalho e Automóvel, está o aumento em saúde ou de resgates no Ramo Vida. As quebras nas receitas da produção têm uma extensão ainda não avaliável, porque existe uma situação ainda em progresso, e os resultados das companhias nos próximos meses serão decisivas para as contas do ano.

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