Depois da Fitch, também a S&P corta perspetiva para Portugal

Agência de notação financeira pronunciou-se sobre a dívida da República, cortando o outlook de "positivo" para "estável", tal como a Fitch fez há uma semana. Rating mantém-se dois níveis acima de lixo

A Standard & Poor’s reviu em baixa a perspetiva para a dívida portuguesa, num corte inesperado, com esta a passar de “positiva” para “estável”, revela uma nota divulgada esta sexta-feira. O rating mantém-se em “BBB/A-2”, dois níveis acima da classificação de lixo.

A revisão em baixa do outlook da dívida nacional anunciada esta sexta-feira não era esperada, já que o calendário da Standard & Poor’s previa o revisitar do rating nacional apenas em setembro. Mas surge uma semana depois de, também de forma inesperada, a Fitch ter revisto em baixa a perspetiva para o rating português de “positiva” para “estável”.

“A 24 de abril de 2020, a S&P Global Ratings reviu o outlook para Portugal para estável de positivo”, começa por dizer a Standard & Poor’s na nota desta sexta-feira, apesar de destacar o papel desempenhado no âmbito do controlo da pandemia.

“As autoridades de saúde portuguesas obtiveram sucesso precoce na estabilização das taxas de infeção e mortalidade em face da pandemia do Covid-19”, diz a esse propósito, acrescentando contudo que “a recessão global severa e sincronizada deste ano pesará na pequena economia aberta de Portugal“.

Face a esse quadro, a Standard & Poor’s avança com novas previsões para o rumo da economia portuguesa este ano e nos próximos dois, que refletem o cenário de danos provocados pelo Covid-19.

Diz esperar que devido aos efeitos do novo coronavírus, o PIB português venha a afundar 7,7% este ano, para depois recuperar 4,2% em 2021 e 4% em 2022. A sua expectativa vai ainda no sentido de que após o excedente alcançado no ano passado, o défice orçamental ascenda para cerca de 5% do PIB, este ano. “Face a este cenário, no final de 2020, a dívida pública líquida irá crescer para próximo dos 125% do PIB e depois começar a encolher novamente”, em 2021 acrescenta a agência norte-americana.

“Os confinamentos e os constrangimentos de distanciamento social provavelmente vão aplicar-se mais tempo do que o esperado, o que irá provocar um muito profundo declínio na atividade face ao que anteriormente era esperado”, prevê a Standard & Poor’s, explicando que a extensão dos danos irá depender da duração das medidas de confinamento.

Ainda assim, refere que a perspetiva “estável” reflete a sua convicção de que “o compromisso das autoridades portuguesas para com políticas pró-crescimento e as finanças públicas prudentes irão sobreviver a uma recessão global de um ano“.

Exposição ao turismo pesa na recuperação

Do lado negativo, e que poderá pesar em termos de um eventual corte de avaliação da dívida portuguesa, a Standard & Poor’s diz que caso o “contexto económico mundial se deteriore muito para além das nossas atuais expectativas, as consequências nas finanças públicas de Portugal deixarão de ser conciliáveis com o atual rating, tendo em conta outras vulnerabilidades do crédito – incluindo a enorme dívida externa do país”.

Face ao quadro global de incertezas ditado pela pandemia, a Standard & Poor’s considera que o turismo com um peso estimado de 12,2% do PIB, “representa uma vulnerabilidade” que poderá pesar no que respeita ao rating de Portugal. “A economia de Portugal é pequena e aberta, e setores de serviços intensivos em trabalho, tais como o turismo, são particularmente suscetíveis ao choque do Covid-19“.

Do lado positivo, refere que caso “Portugal registar uma recuperação económica nos próximos três anos, levando a uma significativa melhoria das finanças públicas, os ratings poderão melhorar“.

Em termos positivos, a agência de rating diz esperar que “as autoridades portuguesas continuem a seguir políticas económicas e orçamentais prudentes”.

(Notícia atualizada às 22h45)

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