Covid-19: Kuwait e Japão maiores doadores na guerra ao vírus. OMS acompanha seis vacinas

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  • 28 Abril 2020

A maior parte da população mundial continua em risco, adverte a ONU. Kuwait, Japão e CE são maiores contribuintes do esforço liderado pela OMS. A organização conta seis vacinas em fase de ensaio.

Apesar dos esforços que têm sido feitos pelas autoridades de dezenas de países e pelas pessoas em confinamento, o vírus “continua a ser extremamente perigoso”. O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus avisou que “o mundo não voltará, e não pode voltar a ser como era antes.” De acordo com o responsável da organização internacional, “deve haver um novo normal”, mais saudável, seguro e mais bem preparado.

Por tudo isto, a OMS continua a defender as mesmas medidas de saúde pública: identificação, isolamento e tratamento de todos os casos; rastreamento e quarentena de todos os contactos e, por fim, capacitação de todo o pessoal. Este é o cenário que continuará a nivelar o risco e, globalmente, a traduzir o condicionamento da atividade humana. Em todo o mundo, o número de mortes causadas pela doença supera o limiar de 200 mil e o número de pessoas infetadas ronda 2,7 milhões.

Existem tendências diferenciadas nas diversas regiões do globo. A maioria dos surtos epidémicos na Europa Ocidental parece estável ou em declínio. Na África, América Central e do Sul e Europa Oriental, os números estão crescer e são preocupantes, embora ainda sejam baixos. Segundo a OMS, a maioria dos países ainda está nos estágios iniciais de suas epidemias. Alguns Estados-membros que foram afetados no início estão a registar um ressurgimento de casos.

Uma das principais funções da OMS é fornecer consultoria técnica, trabalhando com milhares de especialistas para coletar, analisar e sintetizar a melhor ciência disponível e transformá-la em benefício para todas as pessoas. A agência das Nações Unidas tem funcionários em 150 países. Além disso, enviou mais de 70 equipes de emergência para fortalecer a resposta. Graças ao trabalho da OMS, 78% dos países possuem agora um plano de prontidão e resposta, 76% possuem sistemas de vigilância e 91% têm capacidade de teste de laboratório.

Apesar disso, ainda existem muitas lacunas. Apenas 66% dos países têm um sistema de referência clínica para cuidar dos doentes infetados e somente 48% têm um programa de prevenção e controle da infeção.

Combate à covid-19 já representa 3º maior financiamento de sempre entre doenças que mais recursos mobilizam

Desde os primeiros casos notificados de doentes infetados pelo vírus nCoV-2019, em dezembro (em Wuhan, China), a pandemia (vulgo covid-19) já superou os recursos mobilizados (em média anual) por qualquer outra doença, à exceção da tuberculose e o HIV/Sida, cujo combate global é assumido pela OMS.

Há pouco mais de uma semana, a Organização Mundial de Saúde calculava que cerca de 323,1 milhões de euros já foram doados para ajudar a financiar a luta contra a covid-19, ao que acresciam 55,2 milhões prometidos, estimando que cerca de 378,3 milhões de euros teriam sido angariados para combate ao novo coronavírus. Mas, como se verá adiante, estes números já foram ultrapassados.

Embora os primeiros casos de covid-19 só tenham sido comunicados em dezembro, o financiamento recebido para investigação e desenvolvimento (R&D) já coloca o novo coronavírus em terceiro lugar na tabela que compara a média anual de financiamento de outras doenças nos últimos cinco anos. Apenas o HIV/SIDA, com 936,9 milhões de libras esterlinas (1 070 milhões de euros), e a tuberculose com 471,1 milhões de libras (cerca de 536 milhões de euros), obtiveram financiamento anual médio mais elevado nos últimos cinco anos, indica informação da RIFT, uma consultora especialista em fiscalidade sobre operações de financiamento.

“Qualquer pessoa que duvide da gravidade da atual pandemia só precisa olhar para o nível absoluto de financiamento já comprometido nesta luta. É realmente espantoso que, em apenas três meses e meio, o financiamento na luta contra a Covid-19 tenha superado o financiamento total nos últimos cinco anos para todas as outras doenças, exceto cinco”, comenta Sarah Collins, diretora de I&D na RIFT, citada no site Commercial Risk.

A responsável da consultora britânica realçou o “enorme esforço coletivo” na luta contra a propagação do coronavírus: “Vimos fabricantes de automóveis ajudarem na construção de ventiladores e na entrega de outros suprimentos médicos (…), bem como um esforço monumental para desenvolver uma vacina o mais rápido possível”.

Kuwait, Japão e CE os maiores contribuintes da OMS na guerra à covid-19

Números da OMS atualizados a 21 de abril indicam que a primeira versão do Plano Estratégico de Prontidão e Resposta (Strategic Preparedness and Response Plan), o instrumento de gestão do esforço financeiro gizado pela OMS para combater a pandemia, exige recursos totais de 675 milhões de dólares (cerca 625 milhões de euros), dos quais 61,5 milhões de dólares já foram alocados a atividades urgentes de preparação e resposta da própria OMS para o período entre fevereiro e abril de 2020.

Entre os doadores e parceiros com maiores contribuições financeiras de resposta à emergência da covid-19, até ao momento, a OMS identifica o Kuwait (60 milhões de dólares) o Japão (47,5 milhões) e a Comissão Europeia (cerca de 37,8 milhões), liderando a lista pela mesma ordem. Portugal figura entre os países que já prometeram contribuição direta bilateral, mas cujas doações ainda não foram registadas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) adianta também que, ainda em abril, será feita nova atualização do Plano Estratégico, identificando recursos mais amplos para a resposta por país, para o esforço de investigação e desenvolvimento e para a logística da própria OMS.

 

Seis vacinas em fase de ensaio acompanhadas pela OMS

A procura de uma vacina é um dos focos que a OMS traz agora para a atualidade do longo combate à pandemia. A instituição sediada em Genebra anunciou uma coligação de países, organizações e empresas empenhadas em assegurar vacinas, testes de diagnóstico para a covid-19 acessíveis rapidamente e em todo o mundo.

“A experiência do passado mostrou-nos que mesmo quando ferramentas destas estão disponíveis, não ficaram ao dispor de todos. Não podemos permitir que isto aconteça”, disse Ghebreyesus na apresentação do chamado “Acelerador ACT”.

França, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Itália, União Africana, a fundação Gates, a Comissão Europeia e a União Africana são alguns dos parceiros da iniciativa, que terá no dia 04 de maio a primeira reunião de angariação de fundos. “Esta é uma colaboração histórica para acelerar o desenvolvimento, produção e distribuição equitativa de vacinas, testes de diagnóstico e terapias para a covid-19″, frisou Tedros Ghebreyesus.

No documento de lançamento da iniciativa (ACT – Access to Covid19 Tools), é salientado que “enquanto houver alguém em risco por causa do vírus, o mundo inteiro está em risco” e “toda e qualquer pessoa no planeta precisa de ser protegida desta doença”. Os países e organizações aderentes – da Europa, Ásia, África e América Latina -comprometem-se a criar “um nível de parceria sem precedentes” e a falar com “uma voz forte e unificada”.

Tedros Ghebreyesus explicou que desde janeiro passado a OMS está a trabalhar com “milhares de investigadores em todo o mundo para acelerar e acompanhar o desenvolvimento de vacinas”, bem como testes de diagnóstico que já estão a ser usados globalmente.

De acordo com a organização mundial, que noutra altura já admitiu existirem globalmente cerca de 70 iniciativas para desenvolvimento de uma vacina para o novo coronavírus, entre os diversos projetos – de institutos públicos e laboratórios privados – candidatos e acompanhados pela organização, pelo menos seis vacinas encontram-se nas fases 1 ou 2 do processo de avaliação clínica, a qual supõe três níveis de ensaios.

Globalmente, o novo coronavírus (nCoV-19) já causou cerca de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 720 mil doentes foram considerados curados. Em Portugal, até agora morreram 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas. Destas, a Direção-Geral da Saúde indica que 1.228 são pessoas que recuperam da doença.

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