“Não dê dinheiro a Itália”, pede um cidadão holandês ao primeiro-ministro. Rutte concorda

Numa visita aos serviços de tratamento de resíduos, o primeiro-ministro holandês foi interpelado por um cidadão que lhe pediu para "não dar" dinheiro a Itália e Espanha. Mark Rutte concordou.

Depois de o ministro das Finanças holandês ter sugerido uma investigação a Espanha por não ter margem orçamental para enfrentar a pandemia, desta vez é o primeiro-ministro holandês a ter declarações polémicas sobre os países do Sul da Europa.

Numa visita aos serviços de tratamento de resíduos de Haia, Mark Rutte foi interpelado por um cidadão que lhe pediu para “não dar” dinheiro a Itália e Espanha. Em reação, o primeiro-ministro holandês riu-se, levantou o dedo em aprovação, disse “não, não, não” e que iria “tomar nota”.

“Por favor! Não dê dinheiro a esses italianos e espanhóis”, disse o cidadão holandês ao primeiro-ministro durante a visita, de acordo com imagens transmitidas pela estação de televisão NOS que mostram também a reação do líder do Governo holandês.

Mark Rutte tem sido o rosto da resistência no Conselho Europeu, o órgão que reúne os líderes europeus e que tem a palavra final na maioria das decisões europeias, a soluções mais robustas para reconstruir a economia após o impacto da pandemia. Inicialmente, o holandês rejeitou a mutualização da dívida a nível europeu, ideia que viria a ser afastada. Agora com a emissão de dívida por parte da Comissão Europeia, é a forma como esse dinheiro chega aos Estados-membros que causa divisão: Rutte não quer subvenções (na prática, dinheiro a fundo perdido), mas sim empréstimos.

Anteriormente, o ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, já tinha estado envolvido numa polémica por ter dito que a Comissão Europeia devia investigar países como Espanha por não terem margem orçamental para lidar com o impacto da pandemia nas finanças públicas e na economia. Hoekstra viria a redimir-se, admitindo que mostrou “pouca compaixão” pelos países mais afetados pelo coronavírus.

Mas não escapou a duras críticas. Em reação, o primeiro-ministro português classificou a declaração de “repugnante”. António Costa avisou a Holanda de que não pode estar refém de “populismos eleitorais”. “Mais do que uma questão económica ou financeira, é uma questão política que está colocada. Temos de saber se podemos seguir a 27 na União Europeia, a 19 [na zona euro], ou se há alguém que queira ficar de fora. Naturalmente, estou a referir-me à Holanda”, disse Costa em entrevista à Lusa.

O ex-presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, também reagiu, afirmando que a Holanda era “irresponsável” ao bloquear as “coronabonds”. “O discurso da Holanda consiste em dizer que não têm que pagar as dívidas dos outros: mas não se trata de pagar as dívidas dos outros do passado, mas de organizar o financiamento futuro dos custos da crise”, argumentou Juncker.

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