Fundos vão ter controlo mais apertado. Vírus aumenta risco do imobiliário e dívida
A forte incerteza quanto ao outlook macrofinanceiro levou o Comité Europeu do Risco Sistémico a recomendar um acompanhamento mais próximo da indústria da gestão de ativos.
A pandemia veio expor o risco dos fundos de investimento num contexto de pânico nos mercados financeiros. Perante a necessidade de liquidez para reembolsar os aforradores, as sociedades gestoras ficaram em dificuldades, especialmente as mais expostas ao imobiliário e à dívida privada. Vai haver, por isso, um controlo mais apertado daqui para a frente.
A preocupação foi expressa pelo Comité Europeu do Risco Sistémico (ESRB, na sigla inglesa), que aconselha maior controlo nas políticas de investimento. A recomendação já recebeu apoio tanto da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) como da portuguesa Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
“A aguda queda do preço dos ativos observada com o surto de Covid-19 foi acompanhada de resgates significativos de certos fundos de investimento e uma significativa deterioração da liquidez nos mercados financeiros. Apesar de as condições de mercado terem desde então estabilizado, em grande parte devido às ações dos bancos centrais, autoridades de supervisão e governos, mantém-se uma grande incerteza quanto ao outlook macrofinanceiro“, alerta o ESRB.
O comité aponta as vulnerabilidades de fundos de investimento com curtos períodos de amortização e investimentos em ativos pouco líquidos. Em especial, é o caso de dívida privada e imobiliário, segundo o responsável europeu pelo controlo do risco sistémico. “Esse desalinhamento de liquidez aumenta o risco de pressões adicionais nas avaliações dos ativos em tempos de stress“.
Por isso, o ESRB recomenda que as autoridades nacionais realizem ações de supervisão sobre a exposição e as vulnerabilidades dos fundos de investimento à dívida privada e ao mercado imobiliário. Aconselha ainda a agilização de mecanismos de gestão de liquidez e a avaliação de impactos a nível europeu de uma descida de ratings nos vários segmentos do sistema financeiro.
A nível nacional, a CMVM explica, em comunicado, que tem acompanhado os impactos da pandemia na indústria de gestão de ativos nacional e internacional. “A este respeito foram reforçados os requisitos de prestação de informação e a CMVM mantém um acompanhamento diário dos desenvolvimentos relevantes”, sublinha a entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias.
Acrescenta que irá “tão rapidamente quanto possível” iniciar a análise harmonizada a nível europeu que é referida na recomendação. “Perante a severidade do choque, e sublinhando a incerteza e desafios que ainda permanecem pela frente, a CMVM destaca a resiliência do mercado nacional aos efeitos da pandemia até ao momento, bem como a resposta profissional oferecida pela indústria de fundos de investimento“.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Fundos vão ter controlo mais apertado. Vírus aumenta risco do imobiliário e dívida
{{ noCommentsLabel }}