Contas externas até abril registam maior défice desde 2012

As contas externas deterioram-se de forma significativa até abril na sequência da pandemia. Com menos turismo, o défice externo atingiu o valor mais elevado desde 2012.

O défice das contas externas de Portugal mais do que quadruplicou no espaço de um ano. Entre janeiro e abril, a pandemia levou a uma deterioração do saldo de -201 milhões de euros para -864 milhões de euros. Mais: este é o valor mais elevado desde 2012, considerando os mesmos meses, de acordo com as contas do ECO com base na série histórica do Banco de Portugal.

“Até abril de 2020, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em -864 milhões de euros, o que compara com -201 milhões de euros em igual período de 2019“, escreve o Banco de Portugal no destaque desta segunda-feira, explicando que esta deterioração das contas externas deveu-se principalmente por causa da redução do excedente da balança de serviços. Tal deve-se ao impacto da crise pandémica, o que poderá ser atenuado ao longo do ano consoante a evolução da abertura da economia.

Este é o maior défice das contas externas desde 2012, ano em que entre janeiro e abril acumulou-se um saldo de -1.625,31 milhões de euros. As contas externas foram melhorando progressivamente, permanecendo em território positivo, no conjunto do ano, desde 2012, sendo que várias instituições antecipam que 2020, por causa da pandemia, interrompa essa sequência de contas externas excedentárias.

E o que está a piorar as contas externas? Um dos “culpados” é a queda das exportações de serviços, nomeadamente de turismo, na sequência do fecho das fronteiras e da (quase) paralisação da atividade turística e de viagens aéreas. O Banco de Portugal especifica que o excedente da balança de serviços reduziu-se em 1.371 milhões de euros no acumulado até abril, sendo que 1.057 milhões de euros devem-se exclusivamente à rubrica viagens e turismo, “em consequência da evolução negativa registada no mês de abril”.

“Neste mês, verificou-se uma redução do saldo das viagens e turismo de 825 milhões de euros, em resultado de um decréscimo de 85,4% nos créditos e de 74,2% nos débitos relativamente ao período homólogo”, explica o banco central, relevando que a quebra do turismo foi maior nas exportações (créditos) do que nas importações (débitos), isto é, nos residentes que fazem turismo fora do território nacional.

De notar ainda o aumento do défice da balança de rendimento primário em 117 milhões de euros, para -536 milhões de euros, e o défice da balança financeira que subiu para os 1.356 milhões de euros. Já a balança de capital melhorou ligeiramente para um excedente de 714 milhões de euros.

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