Endividamento dá maior salto desde maio de 2012. Atinge novo recorde nos 736,3 mil milhões
A pandemia obrigou a um maior endividamento da economia portuguesa: a dívida total aumentou 11,3 mil milhões de euros em abril deste ano, fixando-se nos 736,3 mil milhões de euros, um novo recorde.
O endividamento da economia portuguesa (empresas, famílias e Estado) aumentou 11,3 mil milhões de euros entre março e abril deste ano, meses marcados pela chegada da crise pandémica que obrigou a um maior endividamento dos agentes económicos. Esta é a maior subida desde maio de 2012, de acordo com a série histórica do Banco de Portugal e os cálculos do ECO.
O montante de dívida atingiu assim um novo recorde histórico ao passar de 725 mil milhões de euros em março para 736,3 mil milhões de euros, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo banco central.
Em maio de 2012, em pleno programa de ajustamento da troika, o endividamento da economia tinha subido 11,5 mil milhões de euros, um número muito próximo do registado em abril. Mas houve aumentos ainda mais expressivos no passado como em junho de 2011, logo após o pedido de ajuda externa.
Endividamento da economia atinge máximo histórico em abril
Neste caso, que agente económico é mais responsável pelo aumento? De acordo o Banco de Portugal, é o Estado: “Este aumento deveu-se aos acréscimos de 8 mil milhões de euros do endividamento do setor público e de 3,3 mil milhões de euros do endividamento do setor privado“. No setor privado, o endividamento dos particulares (famílias) ficou praticamente inalterado pelo que o aumento veio sobretudo pelo lado das empresas.
O acréscimo de dívida no setor público foi dividido entre o endividamento face ao exterior e face ao setor financeiro ao passo que no caso das empresas foi exclusivamente face ao setor financeiro. “Em abril de 2020, a taxa de variação anual do endividamento total das empresas privadas foi de 2,6%, mais 2 pontos percentuais do que o registado no mês anterior”, revela ainda o BdP.
Recorde-se que em abril a dívida pública, na ótica de Maastricht, registou o maior aumento dos últimos 5 anos, atingindo um novo recorde nos 262 mil milhões de euros. Em causa estiveram as emissões de dívida realizadas pelo IGCP, nomeadamente uma emissão sindicada de 5 mil milhões de euros. Este aumento do endividamento público surge numa altura em que a resposta à crise pandémica, com o reforço do SNS, as ajudas às famílias e às empresas, obriga a um esforço adicional por parte do Estado.
Porém, é de notar que o indicador mais relevante para medir o endividamento de um país é o seu peso no PIB dado que o coloca em perspetiva da produção da economia. Nesta ótica, o valor tinha vindo a descer desde o pico alcançado em 2013, mas a trajetória inverteu-se no primeiro trimestre deste ano: o rácio aumentou para 342,1% do PIB.
Estes dados referem-se ao setor não financeiro, isto é, excluem os bancos e outras instituições financeiras. O valor não está consolidado, ou seja, não desconta o endividamento entre os vários agentes.
(Notícia atualizada)
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