Bancos e traders queriam menos horas de negociação. Bolsas europeias não veem vantagens
A redução do número de horas de negociação nos mercados europeus não é um tema novo, mas voltou a estar em destaque com a Covid-19.
Bancos de investimento e traders consideram que as bolsas europeias abrem cedo de mais, daí que peçam uma redução nas horas de negociação. O pedido não é novo, mas voltou a ganhar destaque com a Covid-19. As bolsas europeias analisaram o caso e não veem razões para reduzir o tempo que se mantêm abertas.
“A Covid-19 mostrou que os mercados regulamentados são centrais em tempos de incerteza (elevada volatilidade e elevados volumes de negociação)“, começa por dizer a Federação Europeia de Bolsas de Valores, em comunicado. “Mercados transparentes, justos e resilientes oferecem uma gestão dos riscos e da liquidez de elevada integridade e da maior importância”.
Em causa está uma proposta feita pela Associação de Mercados Financeiros a Europa (AFME) e pela Associação de Investidores (IA) em novembro. Numa carta enviada às bolsas europeias, as duas associações pediram a redução do horário de funcionamento em 90 minutos. No caso da bolsa portuguesa, significaria passar a negociar entre as 09h00 e as 16h00. Atualmente, negoceia das 8h00 e as 16h35.
As duas associações sustentam que a mudança no horário concentraria a liquidez, o que levaria a custos de negociação mais consistentes e daria às operadoras e ao próprio mercado mais tempo para assimilar e digerir comunicados das empresas. A federação que representa as bolsas europeias rejeita que seja necessário concentrar a liquidez.
“Da perspetiva da liquidez, é importante sublinhar que não há atualmente problemas de liquidez nos mercados europeus regulamentados, especialmente no início e no fim das horas de negociação, que motive a mudança nas horas de negociação”, defende, sublinhando que duração atual “reflete as necessidades dos investidores”.
As bolsas europeias alertam que o corte nas horas de negociação poderia aumentar o desfasamento entre mercados. A mesma preocupação tinha sido expressa pela Euronext Lisbon, que gere a bolsa de Lisboa. A CEO, Isabel Ucha, admitiu, na altura, estar disponível para o diálogo, mas sublinhou que este é “um assunto delicado que envolve a qualidade do mercado, a qualidade de vida, bem como a competitividade da Europa no que respeita à cobertura relativa às diferenças horárias”.
Após esta carta, um inquérito feito pela Bloomberg a traders na Europa mostrou que os trabalhadores dos mercados financeiros concordavam com a diminuição do número de horas na Europa, que é duas horas superior ao que acontece nos Estados Unidos. Concordam que a redução poderia ajudar à liquidez, mas consideram principalmente que permitiria conciliar melhor a vida profissional e pessoal.
A Federação Europeia de Bolsas de Valores reconhece que “uma importante questão levantada é a do bem-estar dos trabalhadores”, mas conclui que a redução das horas de negociação não teriam impacto nesse aspeto e defende que “outras medidas a nível empresarial seriam necessárias para melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como trabalho por turnos ou flexibilidade horária“, acrescenta.
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