Presidente da Câmara do Montijo diz que decisão sobre aeroporto já não é técnica mas política
Nuno Canta defende que, quanto ao aeroporto do Montijo, “estamos neste momento numa decisão política, porque as questões técnicas estão tratadas, o investimento está tratado".
O presidente da Câmara do Montijo afirmou esta quinta-feira no parlamento que a decisão de construir o novo aeroporto no concelho já não é técnica, mas “política”, defendendo que o projeto vai reduzir as “assimetrias regionais”.
“Estamos neste momento numa decisão política, porque as questões técnicas estão tratadas, o investimento está tratado. Tem de haver da parte da Assembleia da República um olhar para o território”, disse Nuno Canta (PS), na comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.
O autarca falava durante uma audição sobre a Avaliação de Impacto Ambiental do Aeroporto do Montijo e o alargamento do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde apontou que “a decisão hoje não é técnica” e que “é preciso decidir”.
“O povo português precisa de decisões. Não podemos aprisionar o país num beco sem saída”, frisou, referindo-se à posição dos autarcas comunistas da Moita e Seixal, que estão contra a construção na Base Aérea n.º 6, no Montijo, devido aos impactos ambientais.
“O município do Montijo assume perante a Assembleia da República que a decisão da expansão da capacidade aeroportuária deve ser concretizada por razões técnicas e sobretudo por questões práticas”, defendeu. Segundo Nuno Canta, a nova infraestrutura vai permitir “a redução das assimetrias regionais”, com a criação de emprego e novos investimentos.
“O principal problema da Península de Setúbal é o emprego. A criação de mais emprego em proximidade com a habitação não só reduz as deslocações entre casa e o trabalho, como a poluição associada, e melhora a conciliação da vida profissional e familiar”, notou.
Outro grande problema da região, acrescentou, é o “desordenamento do território”, os inúmeros espaços industriais devolutos e a falta de acessibilidades, o que também deverá melhorar com a localização do novo aeroporto no Montijo. “Este projeto é o que melhor resolve o problema da pendularidade na região de Lisboa. Não nos podemos esquecer de que existem três mil pessoas que atravessam as duas pontes por dia para vir trabalhar em Lisboa. Todos os dias atravessar as pontes é um martírio de várias formas”, mencionou.
No entanto, Nuno Canta afirmou que “há câmaras que não vão mudar de opinião” e, apesar de não concordar com a alteração da lei para viabilizar o aeroporto, defendeu que o Governo deve encontrar formas de “ultrapassar” e “decidir”.
Na quarta-feira, os presidentes de câmara comunistas da Moita e Seixal reafirmaram nesta comissão parlamentar que é um “erro” construir o novo aeroporto do Montijo, enquanto o Barreiro (PS) apoiou o projeto pelo desenvolvimento que pode trazer à região. Já o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), não tomou uma posição em relação ao projeto, mas apelou ao “avanço” na decisão sobre a construção, porque a quebra do tráfego aéreo é “temporária”.
Em junho, o ministro das Infraestruturas disse no parlamento que o Governo quer avançar com o projeto do novo aeroporto no Montijo, mas, como parece não haver disponibilidade do parlamento para alterar a lei, tal está dependente dos pareceres favoráveis de vários municípios.
Segundo a Declaração de Impacto Ambiental do aeroporto do Montijo, cinco municípios comunistas do distrito de Setúbal emitiram parecer negativo à construção do aeroporto no Montijo (Moita, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Palmela) e quatro autarquias de gestão socialista (Montijo, Alcochete, Barreiro e Almada, no mesmo distrito) deram parecer positivo.
Crise mundial não retira qualquer relevância ao novo aeroporto, diz ANA
O presidente da Comissão Executiva da ANA – Aeroportos de Portugal defendeu esta quinta-feira que a crise potenciada pela pandemia de covid-19, que paralisou o setor da aviação, “não retira qualquer relevância” ao aeroporto do Montijo, no distrito de Setúbal.
“O projeto entrou agora numa fase de execução. A crise mundial […] não retira qualquer relevância ao aeroporto do Montijo”, notou Thierry Ligonnière, durante uma audição parlamentar na comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território. Conforme defendeu, os critérios que levaram à necessidade de um novo aeroporto para a região de Lisboa mantêm-se, nomeadamente, a urgência.
Na sua intervenção inicial, Ligonnière afirmou que, em 2019, o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, já não tinha possibilidade de gerar efeitos positivos para a economia nacional e, consequentemente, criar emprego. Assim, no atual contexto, “torna-se ainda mais importante para mitigar os efeitos económicos de uma crise que se perspetiva muito grave”, vincou.
O presidente da Comissão Executiva da gestora aeroportuária lembrou ainda que as perspetivas da indústria apontam que o tráfego só vai atingir os níveis pré-covid-19 em 2023. “As matemáticas são claras. Não podemos por o projeto em pausa. Temos que desenvolver o projeto o mais rápido possível”, apontou.
Em janeiro de 2019, a ANA Aeroportos e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.
(Notícia atualizada às 18h50 com mais informações)
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