Recuperação económica perde gás na Zona Euro

Após a forte queda da atividade económica no início da pandemia, a economia europeia recuperou durante os meses seguintes. Em agosto, esta tendência inverteu-se.

A economia da Zona Euro continua a recuperar do impacto da crise pandémica no segundo trimestre, que levou a uma quebra de 15% do PIB, mas essa recuperação está a perder dinamismo. O PMI compósito – que mede a atividade da indústria e dos serviços – divulgado pela IHS Markit esta sexta-feira para a Zona Euro baixou de 54,9 pontos em julho para 51,6 pontos em agosto.

Após meses consecutivos de melhoria, o PMI regista assim a primeira queda desde o início da pandemia, apesar de se manter acima dos 50 pontos. Neste indicador, a linha dos 50 pontos diferencia o crescimento (acima de 50) da contração (abaixo de 50) da economia.

Ainda assim, uma quebra do PMI em agosto não deixa de ser um alerta para a economia europeia, ficando abaixo das expectativas da maioria dos economistas que esperavam uma manutenção da atividade económica, de acordo com um inquérito da Reuters. Este desempenho do PMI coloca em causa a capacidade de recuperação do PIB no terceiro trimestre.

A preocupação cresce ainda mais quando enquadrada com os números da pandemia. Recentemente, houve um aumento do número de casos em vários países europeus para níveis que não se via desde maio, o que levou a mais confinamentos localizados e outras medidas.

A recuperação da Zona Euro perdeu dinamismo em agosto, salientando a inerente fraca procura causada pela pandemia“, comenta Andrew Harker, economista da IHS Markit, assinalando que a recuperação “enfraquecida” por sinais de aumento do número de casos e mais restrições, as quais têm um impacto particular no setor dos serviços.

Na análise por país, a IHS Markit só dá dados para as duas maiores economias, Alemanha e França. No caso alemão, a recuperação registou uma “desaceleração modesta” face a julho, mantendo-se “sólida”. A confiança das empresas está em máximos de dois anos, impulsionada pelo crescimento da procura. Ainda assim, a expectativa é de diminuição dos postos de trabalho.

Em França, a desaceleração foi mais expressiva, principalmente nas exportações. Além disso, o ritmo de destruição de emprego também acelerou “ligeiramente”. “Ainda que as duas maiores economias da Zona Euro se mantenham em território de crescimento, fora do ‘big-2’ a produção desceu em agosto”, alerta a IHS Markit, referindo, no entanto, que a correção foi “marginal”.

“As empresas continuam cautelosas quando fazem decisões relativamente aos postos de trabalho, optando novamente por equipas mais reduzidas perante a falta de confiança na força da recuperação”, explica Andrew Harker, concluindo que a Zona Euro está numa “encruzilhada”: o crescimento tanto pode ganhar força nos próximos meses como continuar a “vacilar”.

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