CFP vê PIB a cair mais, mas desemprego a aumentar menos

O CFP atualizou as previsões para o PIB, mas neste exercício ainda não conta com o Plano de Recuperação europeu. A previsão é que a economia vá contrair 9,3% em 2020.

A economia portuguesa vai cair mais em 2020 do que o previsto anteriormente, de acordo com as novas previsões do Conselho das Finanças Públicas (CFP), que apontam para uma queda de 9,3%, superior à quebra de 7,5% estimada em junho. No entanto, a taxa de desemprego terá uma trajetória mais favorável, subindo para os 10% e não para os 11%. Contudo, é de notar que estas previsões não têm em conta o dinheiro que virá da União Europeia para ajudar a estimular a recuperação económica.

O cenário macroeconómico do CFP antecipa uma contração de 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB) real para 2020, maior em 1,8 p.p. do que a prevista no cenário base de junho“, escreve a entidade liderada por Nazaré Costa Cabral, assinalando que “esta revisão deve-se principalmente ao contributo das exportações líquidas”.

Isto é, as exportações vão cair mais 1,9 pontos percentuais do que o previsto, registando uma contração homóloga de 22,5% em 2020, contribuindo para um maior desequilíbrio da balança comercial e, por isso, para uma maior queda do PIB. Esta quebra maior é explicada “sobretudo pelo pior desempenho das exportações de serviços verificado no primeiro semestre, associado ao setor do turismo”.

Nos anos seguintes, como afunda mais em 2020 do que o previsto anteriormente, a economia portuguesa também vai recuperar com crescimentos mais expressivos: 4,8% em 2021 (3% na anterior previsão), 2,8% em 2022, 1,8% em 2023 e 1,6% em 2024. Este crescimento será “suportado pela dinâmica do consumo privado e do investimento”, de acordo com o CFP.

As exportações também vão contribuir “significativamente” para a retoma da atividade económica, mas há duas más notícias: haverá uma perda de quota de mercado em 2021 e o setor do turismo (exportações de serviços) só irá normalizar em 2022, de acordo com estas previsões do Conselho.

Apesar de avançar com previsões, o CFP deixa o alerta relativo à incerteza que as envolve: “Este exercício é desenvolvido num contexto em que a incerteza continua muito elevada”, explica, referindo que “com o SARS-CoV-2 a permanecer uma ameaça no futuro próximo, na ausência de uma vacina ou tratamentos seguros e eficazes, torna-se expectável que se mantenham ativas medidas de distanciamento social e de contenção da pandemia”. Assim, “o impacto económico da pandemia dependerá da prevalência da doença na sociedade, da frequência de novos picos de contágio, bem como da eficiência e eficácia de medidas de mitigação da transmissão do vírus e de medidas económicas de suporte às famílias e às empresas”.

Mercado do trabalho será menos afetado do que o previsto

Em comparação com as previsões de junho, nem tudo piora nos números do CFP. No caso da taxa de desemprego, a deterioração será menor: a taxa deverá subir para 10% este ano, o que traduz uma queda do emprego de 4%, e não para os 11% anteriormente previstos. Esta melhoria na previsão “resulta do impacto das medidas de apoio às empresas e de manutenção do emprego (por exemplo, o lay-off simplificado) e à redução na população ativa no primeiro semestre”.

Nos anos seguintes, a taxa de desemprego deverá cair para 8,8% em 2021 e para 7,8% em 2022. “A recuperação da atividade económica a partir do final de 2020 deve levar à subsequente recuperação do crescimento do emprego para 1,3% em 2021 e 1,1% em 2022“, quantifica o CFP.

“Para 2024 (médio prazo), a maturação do mercado de trabalho reflete-se num crescimento do emprego na ordem dos 0,4% e na estabilização da taxa de desemprego em torno de 6,8%”, perto dos valores que se verificavam antes da crise pandémica.

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