Emissão histórica de dívida é “voto de confiança” na UE, diz comissário Hahn

Foi a maior emissão de dívida de sempre da UE e atingiu uma procura recorde. Foram 17 mil milhões de euros em social bonds a 10 e 20 anos, tendo-se fixado juro negativo no prazo mais curto.

Nunca uma emissão de dívida captou tanto interesse de investidores. A União Europeia (UE) colocou 17 mil milhões de euros na primeira emissão conjunta de social bonds, tendo conseguido uma procura recorde de 233 mil milhões de euros (ou seja, 14 vezes superior). Segundo o comissário europeu do orçamento, Johannes Hahn, o resultado foi “um sucesso” e um “voto de confiança na UE enquanto emitente e devedor” por parte dos investidores internacionais.

“Com esta operação, a União Europeia deu os primeiros passos para entrar na maior liga dos mercados de capitais globais. É o maior montante alguma vez pedido emprestado na história da UE. O forte interesse dos investidores e as condições favoráveis são uma prova adicional do recém-descoberto interesse nas obrigações da UE“, diz Hahn, em comunicado.

A emissão foi lançada ao longo desta terça-feira, tendo a yield sido revista em baixa ao longo da sessão graças à forte procura. No caso da dívida que atinge a maturidade a 4 de outubro de 2030, foram emitidos dez mil milhões com uma taxa de juro negativa de 0,238%, tendo atraído uma procura de 145 mil milhões de euros. Este custo pedido pelos investidores representa um prémio de 36,7 pontos base face às Bunds alemãs com a mesma maturidade, que negoceiam em mercado secundário uma yield de -0,6%.

Já nas obrigações com prazo a 4 de outubro de 2040, a colocação foi de sete mil milhões com um juro de 0,131%, mas os investidores estavam dispostos a comprar 88 mil milhões. Neste caso, o spread face ao benchmark alemão é maior (de 52,1 pontos base), tendo em conta que as obrigações da Alemanha a 20 anos têm um juro negativo de -0,389%.

A UE optou por emitir social bonds, um tipo de obrigações especialmente desenhadas para financiar projetos com benefícios para a sociedade, o que terá sido um dos fatores chave para captar o interesse dos investidores. Até final de 2021, a instituição europeia irá emitir até 100 mil milhões de euros em social bonds para financiar o SURE, tornando-se o maior emitente deste tipo de títulos.

Esta operação tornou-se a maior transação de sempre de social bonds e aproximadamente 63% das duas tranches foram alocados a investidores ESG. Esta operação contribuiu também de forma significativa para o aumento do mercado de social bonds, estimado em 50 mil milhões de euros antes da emissão da UE. 578 investidores participaram na tranche a dez anos e 514 investidores na tranche a 20 anos”, anunciou o comissário, que irá falar novamente, esta quarta-feira, sobre a operação.

O dinheiro do SURE servirá para apoiar os países europeus face ao aumento da despesa pública registado desde fevereiro em resultado do lançamento de mecanismos extraordinários como o português lay-off simplificado, que tem ajudado os empregadores a pagar salários e a manter os postos de trabalho. Portugal deverá receber 5,9 mil milhões de euros ao abrigo deste programa, ao qual aderiram outros 15 Estados-membros.

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