Iberdrola acelera crescimento nos EUA com compra da PNM Resources por sete mil milhões

  • Lusa
  • 21 Outubro 2020

A elétrica espanhola Iberdrola anunciou esta quarta-feira a aquisição da congénere PNM Resources, que opera nos estados norte-americanos do Novo México e Texas, por cerca de sete mil milhões de euros.

A elétrica espanhola Iberdrola anunciou esta quarta-feira a aquisição da congénere PNM Resources, que opera nos estados norte-americanos do Novo México e Texas, por 8,3 mil milhões de dólares (cerca de 7,0 mil milhões de euros), incluindo dívida.

Ainda sujeita à aprovação dos acionistas da PNM Resources e das respetivas autorizações regulatórias, a operação – descrita como “uma transação amigável” e a realizar através de uma fusão – deverá ficar concluída em 2021, refere a Iberdrola em comunicado.

A concretizar através da Avangrid, subsidiária norte-americana da Iberdrola, a transação “dará origem a uma das maiores empresas do setor norte-americano, com 10 empresas de energia reguladas em seis estados (Nova Iorque, Connecticut, Maine, Massachusetts, Novo México e Texas), e à terceira maior operadora de renováveis dos Estados Unidos, com uma presença total em 24 estados”.

A companhia terá ativos superiores a 40 mil milhões de dólares (cerca de 33,74 mil milhões de euros), um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) de aproximadamente 2,5 mil milhões de dólares e um lucro líquido na ordem dos 850 milhões de dólares (716,8 mil milhões de euros).

Citado no comunicado, o presidente da Iberdrola e da Avangrid refere que a operação se insere na estratégia seguida pela empresa “há mais de 20 anos”: É uma transação “amistosa, focada em negócios regulamentados e energias renováveis, em países com boa classificação de crédito e estabilidade jurídica e regulatória, que oferecem oportunidades para crescimento futuro”, afirma Ignacio Galán.

A combinação da Avangrid e da PNM gerará mais de 4,1 milhões de pontos de abastecimento, uma base de ativos regulados (RAB) de 14,4 mil milhões de dólares (cerca de 12,1 mil milhões de euros), mais de 168.000 quilómetros de redes e aproximadamente 10,9 Gigawatts de capacidade instalada, permitindo ao grupo Iberdrola “acelerar o crescimento nos Estados Unidos”.

Salientando que esta operação “contribuirá positivamente para os resultados desde o primeiro ano”, o grupo Iberdrola recorda tratar-se da oitava transação corporativa desde o início da pandemia da covid-19, após as aquisições em França (St Brieuc e Aalto Power), Austrália (Infigen), empresas eólicas ‘offshore’ na Suécia e Japão e projetos eólicos terrestres na Escócia e no Brasil. A Iberdrola possui atualmente 1.900 Megawatts renováveis e 1.400 Megawatts em carteira nos estados do Novo México e do Texa, tendo ainda iniciado atividade comercial no Texas.

Na sequência da operação hoje anunciada, os acionistas da PNM receberão aproximadamente 4,318 mil milhões de dólares (3,64 mil milhões de euros), com o valor implícito da empresa a situar-se nos 8,3 mil milhões de dólares (7,0 mil milhões de euros), considerando a dívida líquida mais ajustes de aproximadamente 4,0 mil milhões de dólares (3,37 mil milhões de euros).

O preço da compra representa um prémio de 10,0% sobre o preço das ações da PNM da passada terça-feira, 20 de outubro, e de 19,3 % sobre o preço médio dos títulos da PNM nos últimos 30 dias. Uma vez que a PNM e as suas subsidiárias operam num setor regulado, as autorizações para a transação serão requeridas a nível estatal (New Mexico Public Relation Comission e Public Utility Commission of Texas) e a nível federal ( Federal Energy Regulatory Comission e Hart Scott Rodino Clearance, Commitee on Foreign Investment in the United States, Federal Communications Commission e Nuclear Regulatory Commission).

Lucro líquido da Iberdrola sobe 4,7% e soma 2.681 miilhões até setembro

O lucro líquido da Iberdrola subiu 4,7%, para 2.681 milhões de euros, até setembro face ao mesmo período de 2019, com resultados impulsionados pelo aumento da capacidade instalada renovável, evolução operacional do negócio renovável e geração de clientes.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira a elétrica espanhola destaca o aumento de 3,2% do EBTIDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) ajustado, para 7.561,5 milhões de euros, e a subida de 23% do investimento, para o “valor recorde” de 6.638,1 milhões de euros.

“Apesar das dificuldades do contexto que estamos a viver, a aceleração dos nossos investimentos e as enormes oportunidades que se apresentam mantêm-nos como um dos principais motores da reativação económica e da criação de empregos, ao mesmo tempo que melhoramos os nossos resultados financeiros”, afirma o presidente do grupo, Ignacio Galán, citado no comunicado.

A Iberdrola aponta um impacto da Covid-19 de 308 milhões de euros ao nível do lucro operacional líquido (EBIT) e de 203 milhões de euros no lucro líquido, “devido ao efeito na procura e nas provisões por insolvências”.

Ainda assim, refere uma “progressiva normalização da procura e dos preços de energia em Espanha, no Reino Unido e no Brasil, enquanto países como os Estados Unidos e Brasil avançam na implementação de medidas regulatórias de recuperação”.

Até setembro, os investimentos do grupo Iberdrola em renováveis aumentaram 52%, representando 54% do total de 6.638 milhões de euros investidos no período. “O grupo soma 4.600 novos megawatts (MW) de potência nos últimos 12 meses – quase 1.300 MW no terceiro trimestre – e avança na construção de 7.600 MW”, lê-se no comunicado, que refere ainda que “os investimentos em redes aumentaram 5,5 % e representaram 38% do total” e “a carteira de projetos chega a mais de 70.000 MW no mundo”.

Os dados revelados esta quarta-feira reportam um cash flow de 5.960 milhões de euros, com melhoria dos rácios de solvência, sendo que a liquidez do grupo ultrapassava no final de setembro os 13.800 milhões de euros, “cobrindo 30 meses de necessidades financeiras”.

Até final do ano, a Iberdrola diz continuar “a estimar um crescimento do lucro líquido de dígito médio/alto, impulsionado pela eficiência operacional e esforço de investimento”, mantendo um dividendo provisório para 2020 de, “pelo menos, 0,168 euros brutos por ação” e reafirmando o seu objetivo de investimento de 10.000 milhões de euros, apesar do impacto da pandemia.

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