Generali passa a deter 24,5% da Cattolica, enquanto é investigada em Roma
A Generali adquiriu o pacote de ações que lhe estava reservado na Cattolica. Entretanto, a imprensa refere uma investigação fiscal aos negócios da seguradora com a estatal italiana de ferrovia.
A italiana Generali já subscreveu o aumento de capital social que lhe estava reservado na Cattolica Assicurazioni, por um montante de 300 milhões de euros em novas ações, anunciou a adquirente em comunicado.
Através da operação, tida como pré-requisito para a concretização do acordo de parceria estratégica anunciado em junho, a Assicurazioni Generali assume participação de 24,46% na estrutura acionista da emitente e confirma as fases seguintes do acordo, de que se destaca a cooptação de três elementos de novo conselho de administração da Cattolica, cuja reorganização marca o fim da entidade de natureza cooperativa para se constituir como sociedade por ações (joint stock company).
Na sequência da transação, a Cattolica assegura possibilidade de potenciar rentabilidades e novos serviços para clientes do negócio P&C (seguros de propriedade e acidentes). Por seu lado, a Generali beneficia ainda de direitos de opção para segunda emissão de ações no plano de reforço de capital social da nova participada (por 200 milhões de euros e aberta aos restantes acionistas da emitente), conforme foi imposição do supervisor (IVASS). Ainda, os títulos subscritos pela Generali poderão ser admitidos à cotação em bolsa em condições de igualdade com as ações ordinárias do capital da emitente.
Na perspetiva operacional, a implementação da parceria estratégica incide sobre quatro áreas (gestão de ativos, internet das coisas, saúde e resseguro), um plano em que a rede de filiais e subsidiárias da Generali ajudarão o grupo Cattolica a inovar e expandir serviços prestados aos seus clientes, explica o comunicado.
Fisco investiga relações da Generali com Ferrovie dello Stato
As autoridades fiscais italianas estiveram nos escritórios da estatal de transporte ferroviário e da Generali, em busca de informação relativa a contratos adjudicados por empresas do Gruppo FS Italiane à seguradora.
De acordo com notícia avançada pela Reuters, a procuradoria de Roma tenta averiguar se a seguradora obteve contratos em troca da atribuição de “apólices vantajosas” a gestores da Ferrovie dello Stato, adiantou a agência com base em ordem judicial que solicita acesso à documentação das empresas.
Um porta-voz da seguradora confirmou que a solicitação da procuradoria se relaciona com a FS e disse que a Generali cooperou plenamente. Segundo a Reuters (conteúdo de acesso livre, em inglês), a mesma fonte salientou que os contratos de seguro foram adjudicados à Generali através de concurso público de âmbito europeu, ao abrigo de regulamentos em vigor e em conformidade com práticas do mercado. A fonte adiantou também que a seguradora se defenderá “contra quaisquer reconstruções falsas prejudiciais à sua reputação e honorabilidade”.
Entre a papelada recolhida pelas autoridades inclui-se um relatório de auditoria realizada pela PwC (PriceWaterhouseCoopers) na qual se revela que, em mais de 550 milhões de euros em prémios de seguro pagos pela FS, entre 2011 e 2019, a Generali venceu 89%. A mesma auditoria indica que, de uma amostra de 600 participações de sinistro (acidentes) apresentadas por responsáveis da FS à Generali de 1998 a 2017, um total de 66 registos são dados como desaparecidos.
Fonte da agência noticiosa referiu existirem pessoas visadas na investigação das autoridades, mas escusou-se a indicar quantas são e quais as ilegalidades de que são suspeitas. PwC e FS declinaram comentário imediato às informações.
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