Recuperação da economia vai parar no quarto trimestre, mas não será tão mau como no segundo
Os economistas do ISEG antecipam que a economia vai encolher no quarto trimestre, face ao trimestre anterior, mas a paragem não será tão má quanto o que se verificou no segundo trimestre.
A economia começou a encolher no primeiro trimestre apenas com o impacto da pandemia num só mês, o de março, quando o vírus chegou a Portugal. Mas o impacto maior registou-se no segundo trimestre com um mês de estado de emergência, confinamento quase total e um desconfinamento parcial nos outros dois meses. No terceiro trimestre, a economia já recuperou de forma clara, mas no quarto trimestre volta a necessidade de confinar e a recuperação vai ficar em stand by.
Apesar disso, como no quarto trimestre haverá um estado de emergência “muito limitado”, como descreveu esta segunda-feira o Presidente da República em entrevista à RTP, a economia não vai sofrer um tombo semelhante ao do segundo trimestre. A expectativa do Governo e de Marcelo Rebelo de Sousa é que a economia não seja tão afetada e essa é a mesma previsão feita pelos economistas do ISEG na síntese de conjuntura de outubro divulgada esta terça-feira, que foi concluída com a informação disponível até esta segunda-feira.
“O agravamento geral da crise sanitária ao longo do mês, e as ações desencadeadas para a controlar, torna provável que a atividade económica venha a decrescer face ao trimestre anterior, ainda que numa dimensão bastante mais moderada do que a registada no segundo trimestre“, antecipam os economistas do ISEG.
O Grupo de Análise Económica do ISEG diz que que, “em princípio, este retrocesso do crescimento será comparativamente pequeno”. Isto porque “a maior parte das medidas que estão indicadas para combater a epidemia nos diversos países não afetam diretamente a atividade económica (com a exceção de alguns setores dos serviços)”. Ainda assim, é “inevitável” que o consumo privado e o investimento “se venha a ressentir e o PIB a cair” por causa da “situação e ambiente criado”.
Os economistas do ISEG admitem que se os números da pandemia não subissem o cenário “mais provável” para o futuro era a continuidade do crescimento em cadeia, ainda que com uma desaceleração. “Porém, dada a atual situação da frente sanitária na Europa, e as medidas que estão a ser tomadas para a controlar, que, embora não sendo tão restritivas quanto as adotadas na primeira fase da pandemia, não passarão sem algum impacto económico negativo, é provável que o processo de recuperação económica registado no terceiro trimestre venha a ser interrompido“, conclui.
A conjugação de um terceiro trimestre acima do esperado e de um quarto trimestre pior leva o ISEG a melhorar ligeiramente a previsão para o conjunto do ano: agora a previsão aponta para uma recessão entre 8% a 9% em 2020, inferior ao intervalo de 8% a 10% antecipado em agosto. “Este intervalo é compatível com uma variação em cadeia negativa até -5% para o PIB no quarto trimestre“, nota.
No terceiro trimestre, a economia cresceu 12,3% face ao segundo trimestre. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a economia continua 5,8% aquém. Os economistas referem que a variação homóloga acumulada até setembro é de -8,2%, o que coloca Portugal, em termos do impacto da crise pandémica no PIB, pior do que a média da Zona Euro e da Alemanha, a maior economia europeia, mas melhor do que outros países do sul da Europa como a França, Itália e Espanha.
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