Exportações melhoram e só caíram 3,3% no terceiro trimestre
No segundo trimestre, as exportações de bens levaram um choque brutal, caindo 30%. O terceiro trimestre foi de recuperação, encolhendo essa queda para 3,3%.
As exportações de bens diminuíram 3,3% no terceiro trimestre deste ano, em termos homólogos, recuperando da queda de 30% registada o segundo trimestre. Já as importações de bens baixaram 13,8%, contribuindo para a melhoria do saldo comercial de bens. Os dados foram divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Isolando apenas o mês de setembro, as exportações encolheram apenas 0,4% face a setembro de 2019, mas ainda não foi desta que registaram um crescimento, o que seria o primeiro desde a chegada da pandemia a território nacional. Porém, retirando da equação os combustíveis, as exportações já subiram 0,2% em setembro. No caso das importações, a queda em setembro foi de 9,9%.
De notar que estas variações são em termos nominais, ou seja, têm em conta a variação do preço dos bens transacionados e não se focam apenas na quantidade.
Ao contrário do PIB, a evolução das exportações desde a pandemia mostra, para já, uma recuperação em “V”, tal como tinha sido inicialmente previsto para a economia como um todo, um cenário entretanto afastado pela maioria das instituições. O gráfico do INE mostra a redução abrupta da venda de bens ao exterior e a forte recuperação que se seguiu:
Em contraste, a recuperação das compras ao exterior continua lenta, o que está a provocar uma melhoria significativa do saldo comercial de bens. No terceiro trimestre registou-se um excedente comercial de 2.219 milhões de euros, o que compara com um défice de 914 milhões de euros no trimestre homólogo. Este é o primeiro ano desde pelo menos 2016 em que o saldo comercial de bens está a melhorar em vez de piorar.
Em termos de categorias, além dos produtos alimentares, também as exportações de máquinas e acessórios cresceram no terceiro trimestre, em contraste com os restantes tipos de bens que registaram quedas, nomeadamente os combustíveis que continuam a cair mais de 30%. No caso das importações, há quedas em todas as categorias, especialmente combustíveis e material de transportes (automóveis, por exemplo).
Na análise por países, as exportações para Espanha e França (os dois principais parceiros comerciais) já cresceram no terceiro trimestre, em termos homólogos, mas continuam com uma queda superior a 10% no caso do Reino Unido e da Holanda. Nas importações de bens, a queda é transversal a todos os principais parceiros comerciais, à exceção dos EUA onde houve um aumento homólogo de 2,3%.
Apesar desta recuperação das exportações de bens no terceiro trimestre, no acumulado do ano as empresas portuguesas continuam bastante aquém do desempenho de 2019, uma consequência da crise pandémica que afetou praticamente todo o mundo. Entre janeiro e setembro, as exportações de bens estão a cair 12,7% face ao mesmo período do ano passado, segundo as contas do ECO com base nos dados do INE, o que se traduz em menos 5,6 mil milhões de euros de exportações.
Espanha, Reino Unido, Holanda, China e Israel compraram mais bens agroalimentares
A única categoria de exportações que está a crescer este ano até setembro é a dos produtos alimentares, tal como o ECO escreveu na passada sexta-feira. Este desempenho levou o INE a dedicar uma caixa especial do destaque do comércio internacional de bens a esta categoria onde revela mais detalhe.
O gabinete de estatísticas adianta que o maior contributo para o aumento das exportações portuguesas de bens agroalimentares foi a Espanha (+26 milhões de euros), “devido sobretudo às frutas, cascas de citrinos e de melões e gorduras e óleos, animais ou vegetais, ceras, etc”. Segue-se o Reino Unido (+24 milhões de euros), “sobretudo pela evolução registada nas exportações de preparações à base de cereais, amidos, ou de leite, etc. e preparações de produtos hortícolas, de frutas, etc”. O top 3 fica completo com a Holanda (+20 milhões de euros).
A curiosidade chega no quarto lugar em que aparece a China, o local onde terá começado a pandemia. Os chineses comparam mais 16 milhões de euros de agroalimentares portugueses este ano, em comparação com 2019, sobretudo em carnes e miudezas comestíveis. Em quinto lugar surge Israel com mais 14 milhões de euros, maioritariamente animais vivos.
(Notícia atualizada às 11h42 com mais informação)
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