Portugal deixará de ser um dos países do mundo com a maior dívida pública em 2025
Portugal deixará de ser o quarto país do mundo com a dívida pública mais elevada, passando para o décimo lugar, de acordo com as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional.
Desde a anterior crise financeira que Portugal, país intervencionado pela troika, está no top 5 dos países das economias avançadas com o rácio da dívida pública mais elevado. O pódio tem sido dominado pelo Japão, Grécia e Itália, seguindo-se logo Portugal. Menos de uma década depois, a crise pandémica volta a ditar um aumento do endividamento público, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que esse aumento seja mais pronunciado noutros países, com Portugal a retomar a trajetória de redução da dívida pública, melhorando em termos comparativos.
Os dados do FMI são de outubro de 2020 e são previsões que, face à imprevisibilidade da atual crise pandémica, podem mudar drasticamente nos próximos meses. Contudo, é quase certo que a maioria das economias avançadas vai registar um aumento do rácio da dívida pública para utilizarem a política orçamental de forma contracíclica. Em Portugal, essa subida será revertida rapidamente, ao contrário do que acontecerá noutros países, levando o país para o décimo lugar neste ranking.
Em 2019, antes da crise da Covid-19, o Estado português manteve a trajetória de redução do endividamento (117,7% do PIB) com o alcance do primeiro excedente orçamental, descendo uma posição para o quinto lugar da maior dívida pública ao ser ultrapassado por Singapura. Em 2020, o rácio vai disparar quase 20 pontos percentuais, para os 137,2%, regressando novamente ao quarto lugar.
Espanha e França passarão a ter dívidas superiores a Portugal

A partir deste ano a história é outra, de acordo com as previsões do FMI. Ao contrário de outras economias avançadas que continuarão a registar défices avultados, Portugal deverá reduzi-lo drasticamente, o que irá contribuir para uma gradual redução da dívida pública. Logo em 2020 a dívida pública portuguesa deverá baixar para o sexto lugar, sendo ultrapassado por Singapura e os Estados Unidos.
Passados quatro anos, em 2025, a expectativa do Fundo é que Portugal tenha a décima maior dívida pública (115,9% do PIB) do mundo, ficando atrás de Japão, Grécia, Itália, Singapura, EUA, França, Bélgica, Espanha e Reino Unido. Ao todo, haverá nesse ano 11 economias avançadas com uma dívida superior a 100% do PIB, sendo que uma delas, a do Japão, continuará bem acima dos 200%.
Basta recuar a 2010 para perceber como está em curso uma mudança nas finanças públicas das economias avançadas. Nesse ano, apenas cinco países tinham uma dívida superior a 100%. Desde então, a política monetária expansionista contribuiu decisivamente para a redução do custo da dívida nas economias avançadas. Com a chegada de uma nova crise, ainda mais pela sua natureza inesperada e sem “culpados”, os apelos para uma política orçamental expansionista — que os bancos centrais já pediam para estimular a inflação — foram ainda mais pronunciados.
Portugal descerá seis posições no ranking da dívida pública

Contudo, também há quem tema que esta subida do endividamento público seja um “fardo” para as gerações mais jovens e que seja insustentável a longo prazo quando eventualmente as taxas de juro dos bancos centrais subirem, o que poderia ditar uma nova crise das dívidas soberanas como a que se seguiu na Zona Euro à crise financeira mundial de 2008/2009.
Independentemente dos receios que possam existir, o “novo normal” da dívida pública acima dos 100% parecer ter chegado para ficar, ficando bem longo do limite impostos nos tratados europeus de 60% do PIB. O primeiro com peso a deixar esse aviso foi Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, em março: “Já é claro que a resposta tem de envolver um aumento significativo da dívida pública”, escreveu no Financial Times, assinalando que “níveis muito mais elevados de dívida pública irão tornar-se uma característica permanente das nossas economias”.
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