Máscaras sociais, cirúrgicas e FFP2. Quais as diferenças?
Alguns países europeus tornaram obrigatório o uso máscaras FFP1 ou FFP2 em locais públicos. Mas que tipo de máscara é este? E quais as diferenças entre os vários tipos de máscara?
Nos últimos dias, alguns países europeus generalizaram o uso de máscaras mais eficientes, tornando obrigatório o uso máscaras FFP1 ou FFP2 em locais públicos e proibindo o uso de máscaras comunitárias. Esta mudança de estratégia acontece numa altura em que a propagação da nova variante britânica do Sars-Cov-2, mais contagiosa do que a original, ganha terreno no Velho Continente e, por isso, os países europeus pretendem travar a sua incidência.
A utilização de máscara é vista como sendo cada vez mais necessárias, nomeadamente não só para proteção do próprio mas também dos que o rodeiam. O último estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, citado pelo Diário de Notícias (acesso livre), revela que, no Natal e no Ano Novo, os portugueses não só desconfinaram como utilizaram menos a máscara, o que poderá ajudar também a explicar o aumento de contágios verificado a partir desse período.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda que a população em geral utilize máscaras com uma capacidade de filtragem mínima de 70% (esta percentagem varia de acordo com o fabricante), sendo que a entidade liderada por Graça Freitas lembra que as máscaras FFP2, que são mais escassas mas também mais eficazes, devem ser destinadas aos profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à pandemia, de acordo com a norma 007/2020.
Questionada pelo ECO sobre se pondera vir a seguir as “pisadas” de outros países no que toca a estas recomendações, a DGS diz que “apesar de haver alguns países que estão a ajustar as suas orientações”, organismos como a Organização Mundial de Saúde ou o Centro Europeu de Controlo de Doenças “ainda não fizeram alterações às últimas recomendações”, garantindo, no entanto, que está “a analisar as atuais recomendações”, pelo que se existirem alterações “serão oportunamente comunicadas”.
Neste contexto, nesta fase, a obrigatoriedade de uso generalizado de máscara aplica-se às máscaras sociais, não obstante, há outras que permitem um maior bloqueio das partículas. Saiba, em linhas gerais, para que servem e quais as diferenças entre cada uma.
Máscara social (ou comunitária)
É um dispositivo médico? Não.
Para que serve? A recomendação da DGS aplica-se apenas às máscaras comunitárias ou sociais. São máscaras descartáveis de papel ou feitas manualmente pela população a partir de pedaços de tecido. Uma vez que o novo coronavírus se transmite por partículas expelidas por quem esteja infetado quando tosse, espirra ou enquanto fala, o objetivo destas máscaras mais simples é o de serem uma primeira barreira para evitar que essas partículas acabem no ar e infetem outras pessoas ao nosso redor. São, assim, recomendadas para quando se vai ao hipermercado ou à farmácia, por exemplo.
Máscara cirúrgica
É um dispositivo médico? Sim.
Para que serve? Este tipo de máscara protege o portador de partículas contaminadas que estejam suspensas no ar ou que tenham sido expelidas por alguém doente, ao mesmo tempo que previne que o portador projete essas mesmas partículas para o meio. Não são máscaras ajustáveis ao rosto, mas tapam o nariz, a boca e o queixo. Segundo uma nota do Infarmed publicada a 14 de abril do ano passado, “a principal finalidade” é a de “proteger a saúde e segurança do doente, independentemente de simultaneamente proteger também o profissional”. No entanto, estas máscaras não protegem contra a inalação de partículas muito pequenas no ar, pelo que o profissional não está protegido contra partículas finas (aerossóis).
Neste contexto, apenas as máscaras FFP1, FFP2 e FFP3 conseguem proteger os profissionais partículas mais finas. O desempenho destas três máscaras varia consoante o grau de eficiência de filtragem bacteriana, pressão diferencial (permeabilidade da máscara ao ar) e resistência aos salpicos e a limpeza microbiana. Conheça as diferenças:
Respirador FFP1
É um dispositivo médico? Não.
Para que serve? É um tipo de máscara que se ajusta bem ao rosto do portador e que reduz a exposição do mesmo às partículas suspensas no ar. É um tipo de máscara que também tem sido usado no atual contexto de pandemia — apesar de não ser aconselhada para profissionais de saúde que estejam a realizar cirurgias ou atos médicos semelhantes –, mas que já era muito comum, por exemplo, na construção civil ou nas pinturas. Estas máscaras protegem o portador de “algumas partículas metálicas, poeiras de reboco e poeiras de betão”, de acordo com o Infarmed. Relativamente às suas características, conta com uma eficiência de filtragem bacteriana igual ou superior a 95%, uma pressão diferencial inferior a 40% e uma limpeza microbiana igual ou inferior a 30%.
Respirador FFP2 (ou N95)
É um dispositivo médico? Sim.
Para que serve? É um tipo de máscara mais eficaz do que a FFP1, que confere apenas 8% de fuga para o exterior. Desta forma, protegem o aparelho respiratório do portador contra partículas suspensas no ar e é adequada para “trabalhos com madeira, terraplanagens, pintura à pistola com tinta de base aquosa, bolores e fungos”, segundo a nota do Infarmed. É considerada adequada para gestão clínica pelas autoridades nacionais. De acordo com o regulador do medicamento, as máscaras FFP2 uma eficiência de filtragem bacteriana igual ou superior a 98% (mais do que as FFP1), uma pressão diferencial inferior a 40%, bem como uma limpeza microbiana igual ou inferior a 30%.
Respirador FFP3
É um dispositivo médico? Sim.
Para que serve? É o tipo de máscara facial que maior proteção confere ao portador, por se ajustar muito bem ao rosto e por ser à prova de fluidos. Em Portugal, são consideradas dispositivos médicos, recomendados para serem usados por profissionais de saúde que lidem com pessoas doentes e vulneráveis, protegendo-as e protegendo-se a si mesmos. Segundo o Infarmed, as máscaras respiradoras FFP3 são típicas para “trabalhos com produtos perigosos, como nas indústrias química, farmacêutica e papeleira, serração e filtros”. Ou seja, conferem proteção contra o novo coronavírus. De acordo com a classificação do Infarmed, as máscaras FFP3 possuem uma eficiência de filtragem bacteriana igual ou superior a 98%, uma pressão diferencial inferior a 60% (mais do que as FFP1 e FFP2), uma limpeza microbiana igual ou inferior a 30% e são resistentes a salpicos.
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