Desgoverno e imprudência puseram seguradora Cattolica em risco

  • ECO Seguros
  • 4 Fevereiro 2021

Uma fiscalização do Supervisor italiano concluiu que a administração da seguradora ignorou regras prudenciais durante anos, colocando em risco a solvabilidade da companhia.

O Ivass (Istituto per la vigilanza sulle assicurazioni), organismo de supervisão de seguros, fez uma inspeção à Cattolica Assicurazioni e encontrou “deficiências” no sistema de governo e na gestão de risco em 2018-2019, situações que se prolongaram pelos primeiros meses de 2020, assume a seguradora em resposta à autoridade da bolsa italiana (Consob-Commissione Nazionale per le Societá e la Borsa), após ser questionada sobre os resultados da fiscalização concluída em julho do ano passado, pelo organismo italiano de supervisão dos seguros.

Segundo a edição eletrónica do Il Sole 24Ore, que teve acesso aos esclarecimentos da Cattolica dirigidos ao regulador do mercado de capitais (Consob), em resultado da auditoria, a Ivass conclui que o conselho de administração da seguradora, face a diversas situações de risco, “não agiu com base em princípios de cautela e normas de prudência, com consequentes danos potenciais para a solvência do Grupo e a necessidade de reforçar os recursos próprios“, assume seguradora.

Em consequência de práticas de governação e situações de risco que puseram em causa a solvabilidade da companhia, a supervisão quer que a entidade adote “mudanças profundas”, ao ponto de exigir a nomeação de um novo conselho de administração, por forma a reforçar seu modelo de governance. Esta alteração deverá acontecer depois de 1 de abril, altura em que a Cattolica terá concluído a transformação da estrutura societária para se registar como uma SpA (sociedade de por quotas).

Entretanto, o regulador da Borsa pretende clarificar suspeitas (de crime de mercado) antes da operação de aumento de capital (por 200 milhões de euros) que a Cattolica abriu a todos os investidores institucionais (sobretudo bancos) e em que a Generali não está impedida de participar.

Fora do inquérito ficam três elementos do board nomeados pela Generali – que comprou 24% da Catollica e passou a ser o seu maior acionista – porque, ao tempo das ocorrências, ainda não tinham assento na administração da participada sediada em Verona.

O jornal La Repubblica adiantou, entretanto, que os administradores notificados pelo Ivass dispõem de um prazo de 60 dias para elaborarem contraditório em relação às deficiências encontradas, em particular as que envolvem Paolo Bedoni, presidente do conselho.

Do rol de responsabilidades que as autoridades querem apurar assumem relevância as alegações contra Bedoni, que terá agido de forma reiteradamente desleal face aos demais elementos do conselho de administração “com conduta – também em conflito com os estatutos – que desvirtuaram o processo de tomada de decisões e que, pela sua opacidade, minaram o direito dos restantes administradores tomarem decisões informadas”, sustenta o relatório do Ivass, citado na imprensa.

As fontes acrescentam que o regulador também pretende averiguar até que ponto, no aumento de capital realizado em junho de 2020 (em que a Generali subscreveu sozinha 300 milhões de euros em capital da Cattolica) não terá havido abuso de informação privilegiada.

Face a volume e cotação anormais na negociação bolsista de títulos da Cattolica (antes e depois da operação de subscrição reservada), a Consob quer saber quem teve acesso antecipado à informação sobre a operação e acabou beneficiado. Caso se confirme insider trading será aberto processo sancionatório.

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