Pandemia muda hábitos de consumo na casa dos portugueses

  • ECO
  • 10 Fevereiro 2021

Os produtos alimentares têm agora uma maior ponderação no cálculo da taxa de inflação, enquanto o "peso" dos transportes foi reduzido. Mudanças no cabaz da inflação ajustam o índice ao confinamento.

A pandemia alterou os hábitos de consumo dos portugueses. Gastamos mais em produtos alimentares e serviços como eletricidade ou água, e é menor a despesa com vestuário, calçado, transportes e viagens. Mas, até aqui, o cálculo da inflação ainda não refletia essa alteração generalizada na estrutura de consumo das famílias.

Foi a pensar nisso que o Instituto Nacional de Estatística (INE) alterou a forma como é calculado o índice de preços no consumidor (IPC), aumentando a ponderação dos alimentos no índice e reduzindo o peso de produtos como o vestuário ou serviços como os transportes.

A mudança no cabaz usado para calcular a taxa de inflação serve para ter em conta “a estrutura de despesa e os bens e serviços” consumidos e contratados pelas famílias num período atípico de pandemia. Com as famílias a passarem mais tempo em casa, é maior o consumo de produtos alimentares, estando em queda despesas como as associadas a alojamento em hotéis, restaurantes e a deslocações.

“Tendo em conta o forte impacto da pandemia Covid-19 na estrutura de consumo das famílias, e no seguimento das recomendações do Eurostat”, o INE explica que os ponderadores “para 2021 foram atualizados, excecionalmente, com recurso adicional a informação preliminar das contas nacionais trimestrais para 2020, complementada com informação mais detalhada disponível”, em concreto, o volume de negócios do comércio a retalho e dos serviços.

A atualização resultou numa “alteração significativa das estruturais de ponderação”. O instituto destaca, desde logo, o aumento do peso das classes de “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”, da “habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis” e dos “acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação”. Em sentido inverso, o INE reduziu o peso das classes de “vestuário e calçado”, dos “transportes” e dos “restaurantes e hotéis”.

Depois de um primeiro confinamento no início de 2020, os portugueses estão desde meados de janeiro sujeitos a novas restrições. A generalidade dos serviços não essenciais está encerrada e as cadeias de super e hipermercados só podem vender bens essenciais.

Comparação do peso das classes no IPC em 2020 e 2021

Quanto mais elevado é o ponderador, maior é o peso dessa classe na taxa de inflação. Fonte: INE

Preços também vão ser recolhidos online

Face aos constrangimentos da pandemia, o INE avançou também com outras alterações na forma como é calculado o índice.

A classe do “vestuário e calçado” foi alvo de uma dessas mudanças: até aqui, os preços eram “habitualmente recolhidos em cadeias de lojas com implantação nacional” e passaram agora a ser “apropriados com recurso a recolha online automatizada”. O método poderá, futuramente, ser alargado a outras categorias de produtos, admite o instituto.

“Consequentemente passaram a ser consideradas no apuramento do IPC um maior número de variedades, aumentando assim a representatividade do índice. A metodologia de cálculo associada a esta nova forma de recolha é comparável com a metodologia seguida na recolha em lojas físicas, diferindo essencialmente no número de preços considerados que passou a ser significativamente maior”, assegura, por fim, o INE.

O primeiro IPC já com estes ajustes foi publicado esta quarta-feira, referindo-se ao mês de janeiro de 2021. E o certo é que o índice passou de valores negativos para um valor apurado de 0,3%, meio ponto percentual acima do valor de dezembro de 2020.

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