Bolsa de Lisboa fecha o trimestre com ganho inferior a 1%. Papel ajuda contra a queda da energia

Principais bolsas europeias registam valorizações em 2021. A bolsa de Itália -- país que chamou recentemente Mario Draghi para liderar um governo de salvação nacional -- subiu 11%.

O setor do papel e pasta de papel foi o grande vencedor do primeiro trimestre do ano na bolsa de Lisboa e ajudou a contrariar o peso exercido pelas elétricas da família EDP. Após ter ganho 0,82% para 4.929,60 pontos na sessão desta quarta-feira, o PSI-20 consegue ficar acima da linha d’água. A valorização de 0,64% no trimestre é inferior à das pares europeias.

Os mercados acionistas em geral têm beneficiado da forte expansão das políticas monetária e orçamental, bem como da perspetiva de uma vacinação eficaz para o controlo à pandemia“, explica Catarina Quaresma Ferreira, diretora da Sixty Degrees, sobre o sentimento positivo que se vive em 2021. “Ainda assim convém referir que o PSI-20 regista um desempenho positivo, mas inferior ao dos índices europeus”.

Depois de a última sessão de março ter sido entre ganhos e perdas ligeiras, o Stoxx 600 fechou o trimestre com um ganho de 7,9%. Entre os principais índices, o alemão DAX subiu 9,4%, o espanhol IBEX 35 somou 6,4%, o francês CAC 40 ganhou 9,3% e o britânico FTSE 100 valorizou 4,2%. A bolsa de Itália — país que chamou recentemente Mario Draghi para liderar um governo de salvação nacional — subiu 11%.

Valorizações trimestrais das principais praças

Fonte: Reuters

A discrepância entre o Lisboa e as restantes praças europeias deve-se, por um lado, “ao facto do PSI-20 não ter na sua constituição empresas de certos setores que valorizaram fortemente este trimestre, na Europa, como por exemplo o setor automóvel”. Por outro — e sobretudo –, à descida das ações da EDP Renováveis desde o final do mês de janeiro.

A estrela da bolsa portuguesa em 2020 entrou com o pé esquerdo em 2021, com os analistas a dividirem-se na opinião face à ação e vários a alertarem para uma possível sobrevalorização. No trimestre em que mudou de equipa de gestão, em que apresentou um plano estratégico até 2025 focado em renováveis e em que realizou um aumento de capital, a EDP Renováveis desvalorizou mais de 20% e a EDP mais de 5%. As quebras foram, apesar de tudo, amortecidas pelo desempenho na sessão desta quarta-feira: a eólica disparou 4,11% para 18,22 euros e a casa-mãe 1,65% para 4,87 euros.

Além do grupo liderado por Miguel Stilwell d’Andrade, também a Corticeira Amorim (-12,8%), o BCP (-5,8%) e a Jerónimo Martins (-0,3%) estiveram entre as cotadas que fecharam o trimestre no vermelho, pesando no índice. A retalhista foi, no entanto, a vencedora da última sessão do mês, ao disparar 4,14% para 14,35 euros.

Desempenho da EDP Renováveis no PSI-20

“Pela positiva, destacam-se as ações dos CTT, que valorizam cerca de 44% no primeiro trimestre do ano”, diz Catarina Quaresma Ferreira. “A empresa beneficiou do forte impulso ao comércio online na sequência da pandemia. As ações valorizaram fortemente após a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2020 onde ficou visível o desempenho positivo da divisão de Expresso e Encomendas“.

Os volumes nesta unidade de negócio cresceram 36% em Portugal e 58% em Espanha face ao período homólogo, possibilitando o alcance de uma margem EBITDA de 9,1% no trimestre. Esse crescimento poderá ter ofuscado a queda de 81% nos lucros e ajudado os títulos. Apesar de os CTT terem liderado os ganhos, todas as cotadas do papel e pasta de papel fecharam em alta: a Semapa ganou 32%, a Altri 25% e a Navigator 12%. O mesmo aconteceu com os pesos-pesados Nos (+10%) e Galp Energia (+13%).

Quanto ao próximo trimestre, “o PSI-20 deverá manter a tendência das restantes bolsas europeias”, acredita a diretora da Sixty Degrees. No entanto, alerta que “após as valorizações registadas no último ano não será de excluir a possibilidade de uma correção ligeira no segundo trimestre”.

(Notícia atualizada às 17h05)

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