Governo avança com fiscalização do trabalho e “testagem massiva” na localidades com mais casos de Covid-19

O Governo vai avançar com a "testagem massiva" de pessoas nos concelhos onde há maior incidência da Covid-19. Maior número de casos em alguns locais está relacionado com obras públicas e agricultura.

O Governo vai avançar com a “testagem massiva” nas localidades onde a incidência da Covid-19 é maior, de forma a identificar casos de infeção, sobretudo de pessoas que estejam assintomáticas. A informação foi transmitida pelo primeiro-ministro, António Costa, depois de uma reunião por videoconferência com os autarcas dos concelhos de Portugal continental que acumulam mais de 240 casos por 100 mil habitantes a 14 dias.

Numa conferência de imprensa a partir de São Bento (Lisboa), o chefe do Governo explicou que as regiões onde a incidência da doença continua elevada têm “um padrão comum”: “Na generalidade dos casos, trata-se de surtos com origem em situações em que há concentração de pessoas em habitação precária, temporária, associada a obras públicas, ou a colheitas, ou a unidades industriais que recorrem também à habitação local.”

Face a isto, o Governo, em coordenação com diversos ministérios, estipulou que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e as autoridades de saúde deverão reforçar o trabalho de controlo da pandemia que é feito nesses locais. O objetivo é, por um lado, melhorar as condições sanitárias e, por outro, acelerar a testagem em massa, nos casos em que ela ainda não esteja a ser feita.

“Em contacto com o Ministério do Trabalho, Ministério das Infraestruturas, Ministério do Ambiente e Ministério da Agricultura, [ficou estabelecida] a necessidade de articularmos agora ações específicas da ACT, em conjunto com as autoridades de saúde públicas, tendo em vista a criação de melhores condições sanitárias nesses locais de residência e, também, para se desenvolverem, nos casos em que ainda não estejam em curso, ações de testagem massiva tendo em vista detetar, nessas zonas, pessoas que estão infetadas, e quebrar essas cadeias de transmissão”, afirmou o primeiro-ministro, em declarações transmitidas pela RTP3.

"Na generalidade dos casos, trata-se de surtos com origem em situações em que há concentração de pessoas em habitação precária, temporária, associada a obras públicas, ou a colheitas, ou a unidades industriais que recorrem também à habitação local.”

António Costa

Primeiro-ministro

Quanto à totalidade dos concelhos na zona laranja da matriz de risco, por terem maiores incidências, a polícia vai andar mais na rua. António Costa salientou que, em conjunto com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foi determinado que, “durante os próximos 15 dias, haverá um reforço dos efetivos da GNR ou da PSP” em todos os 20 concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes, “de forma a reforçar as ações de fiscalização”.

Referindo-se a essas duas dezenas de concelhos, o líder do Executivo indicou serem “concelhos relativamente aos quais é necessário procurar tomar medidas tendo em vista identificar quais são os focos das cadeias de transmissão”. Todo este esforço visa evitar que, na reavaliação que será feita na próxima semana, seja necessário “regredir” no plano de desconfinamento, “parar” ou “que alguns concelhos tenham de o fazer”.

Contando com as regiões autónomas, sete concelhos têm mais de 240 casos por 100 mil habitantes: Carregal do Sal, Machico, Moura, Odemira, Portimão, Ribeira de Pena e Rio Maior. Outros 19 têm incidências entre 120 e 240: Alandroal, Albufeira, Beja, Borba, Câmara de Lobos, Cinfães, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos, Funchal, Lagoa, Marinha Grande, Penela, Ponta Delgada, Ponta do Sol, Ribeira Brava, Santa Cruz, Soure, Vila do Bispo e Vimioso.

Costa recomenda beber café “à vez”

No rescaldo da reabertura das esplanadas dos cafés e restaurantes, o primeiro-ministro aproveitou a presença dos jornalistas para reforçar os apelos à contenção dos portugueses e à adoção de todas as medidas de segurança quando se encontrem nestes locais.

“É muito bom que o possam fazer”, disse, referindo-se à ida às esplanadas. “Mas é bom que o possam continuar a fazer. Por isso, é essencial que possamos viver este momento de reabertura com todas as cautelas e não esquecer que a pandemia não passou. O vírus continua a estar aí e a variante dominante é a variante britânica, que se caracteriza pela enorme transmissibilidade”, alertou.

Face a isto, António Costa sugeriu outra medida. Por exemplo, quando várias pessoas estão à mesma mesa numa esplanada (o máximo permitido são quatro), “que todos bebam café à sua vez, para não estarem sem máscara todos ao mesmo tempo”.

“Berbicacho” com AstraZeneca pode tornar vacinação mais lenta

Além disso, o primeiro-ministro admitiu também esta terça-feira que, se for confirmado pela EMA a existência de um um “berbicacho” com a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, haverá inevitáveis consequências na morosidade dos planos de vacinação da União Europeia.

“No quadro da União Europeia, consideramos que é fundamental que haja uma posição uniforme relativamente às recomendações e indicações fixadas pela EMA no que respeita a cada uma das vacinas. Se houver um berbicacho, então isso terá inevitáveis consequências no processo de vacinação”, apontou António Costa.

Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que o processo de vacinação na Europa tem estado “fortemente condicionado pela capacidade de produção a montante”, designadamente “pelo incumprimento por parte da AstraZeneca das suas obrigações contratuais”.”Se houver restrições acrescidas, isso traduzir-se-á inevitavelmente numa maior morosidade na forma de desenvolvimento do plano de vacinação“, reforçou o primeiro-ministro.

António Costa observou depois que, neste momento, na União Europeia, não há vacinas alternativas para substituir imediatamente as da AstraZeneca.”E as indicações médicas e farmacológicas, obviamente, têm de ser seguidas e respeitadas”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 18h10)

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